INTRODUÇÃO
Ebede-Meleque surge no momento difícil da história de
Israel. É importante mencionar que o Reino de Israel já não existia e o de Judá
estava prestes a ser destruído. Em sua desobediência, o povo entregava-se à
idolatria e ao pecado. Os principais do povo e os sacerdotes mentiam e
espoliavam os pobres e os falsos profetas contradiziam as palavras de Jeremias.
Embora tudo fizesse para que seus compatriotas voltassem a observar a Lei de
Moisés, ele percebia que seus esforços eram nulos. Por causa de suas profecias,
sofreu o profeta Jeremias escárnios injúrias. Mas, nesta mensagem daremos ênfase como se deu
o encontro entre o profeta e o etíope. Veremos ainda como Ebede-Meleque
socorreu Jeremias, deixando uma lição de virtude e de grande valor, preservando assim, a vida do profeta.
I.
A ORIGEM
DE EBEDE-MELEQUE.
Acerca de Ebede-Meleque, pouco sabemos. Os
capítulos 38 e 39 de Jeremias dão-nos poucas informações. Sabemos apenas que
ele era eunuco e etíope. Apesar de escassez de informações. Ebede-Meleque destaca-se
por sua coragem e piedade. Verdades que não podemos esquecer que Ebede-Melque:
1) Não era um hebreu; 2)Era apenas um serviçal do Rei Zedequias e 3) Tinha origem
humilde.
1. Etíope: Os etíopes são mencionados cerca
de 21 vezes nas Sagradas Escrituras: 20 no Velho e uma no Novo testamento. Como
nação, os etíopes posicionaram-se muitas vezes contra o povo de Israel. Mas, individualmente,
deixaram-nos importantes testemunhos. Ebede-Meleque é um dos etíopes
mencionados pelo nome nas Sagradas Escrituras (Jr 38.7). Não se sabe quando ele
chegou a Judá. Talvez tenha sido comprado pela corte real, pois o comércio de
escravos era muito comum na antiguidade. Como se vê, a origem de Ebede-Meleque
era humilde. Que importa? Deus usa as coisas que não são para confundir as que
são (1 Co 1.27).
Ebede-Meleque deixou três grandes exemplos: 1) A coragem Jr 38.9; 2) A
compaixão Jr 38.9b; e 3) A sabedoria e experiência Jr 38.11 que jamais será
esquecido. Aprendemos que: a) Não
importam as nossas origens; b) Não importa tradição de nossa família. Para Deus, o que
conta mesmo é a disposição com que nos colocamos ao seu serviço.
2. Eunuco: Ebede-Meleque era eunuco (Jr
38.7). Isto é: um homem privado de sua virilidade. Segundo o próprio Cristo
explicou, há três espécies de eunucos: 1) Os que já nascem assim, 2) Os que
foram castrados pelos homens e 3) Os que se “castram” a si mesmos por causa do
reino dos Céus (Mt 19.12). Embora a Bíblia não entre em detalhes é possível que
se enquadrasse na segunda situação. Mas, de qualquer forma, sofria muitas
restrições. Em primeiro lugar, não podia entrar no santuário de Deus (Dt 23.1).
Caso fosse levita, ver-se-ia impedido de exercer o sacerdócio. Apesar de tudo,
este virtuoso etíope temia a Deus e, naquele momento tão difícil dos hebreus,
professava de forma abnegada sua confiança em Jesus.
II. O MINISTÉRIO DE EBEDE-MELEQUE.
Em hebraico, Ebede-Meleque significa “servo do rei”.
No texto bíblico, depreendemos que o
etíope era um fiel e dedicado servo de Deus. E só um dedicado e fiel servo de
Deus que exercia com tanto esmero na corte real, onde as intrigas eram semeadas
do raiar ao por-do-sol. Onde a injustiça campeava e a corrupção tornava-se tão
comum. Onde o nome de Deus era profanado e a sua Lei, vilipendiada.
1. Servo do rei: A Bíblia não diz quantos anos
servia Ebede-Meleque ao infeliz Zedequias. Mas, levantando-se em conta a
intimidade que o etíope desfrutava junto ao rei, podemos supor que ele se
encontrava ao serviço da corte há muito tempo. E neste oficio
despojara-se de sua nacionalidade e de seu verdadeiro nome. Naquele tempo,
costumavam os reis mudar os nomes de seus cativos para que fossem cortados
todos laços o seu país de origem (Dn 1.6,7). Vezes sem conta, tentam os ímpios
cortar os laços que nos prendem a Sião. Todavia, nossas almas estão presas ao
solo das promissões da ditosa cidade. Lá, teremos um nome que tirano algum
mudará.
2. Servo de Deus: Ebede-Meleque mantinha sua fé em
Deus apesar do péssimo testemunho da casa real e do desvio generalizado do povo
hebreu. Sua fé era sólida. Enquanto os judeus prostravam-se diante dos falsos
deuses, o valoroso etíope adorava o único e verdadeiro Senhor mostrando assim a
sua virtude diante dos homens. Por isso, ele pode ser considerado, servo do
Deus de Abraão. E foi como servidor do Deus Eterno que se expôs e intercedeu pelo encarcerado do
profeta Jeremias. Portanto, não nos esqueçamos de nossas responsabilidades.
Antes de sermos dos homens, somos servos de Deus (Ef 6.5,6). E, agindo
fielmente, receberemos nossos galardões.
III. EBEDE-MELEQUE SALVA A VIDA DE
JEREMIAS
1. A prisão de Jeremias: O profeta foi lançado no
calabouço, porque suas palavras desagradaram à classe dominante. Enquanto os
falsos profetas anunciavam paz e prosperidade, ele apregoava as palavras de
Deus: “O que ficar nesta cidade morrerá à espada, à fome e de pestilência; mas
o que for para os caldeus viverá; porque a sua lama lhe será por despojo, e
viverá. Assim diz o Senhor: Esta cidade infalivelmente será entregue na mão do
exército do rei de Babilônia, e ele a tomará” (Jr 38.2,3).
Com a anuência de Zedequias, que reinava, mas não
tinha qualquer autoridade sobre seus súditos, os príncipes prenderam ao profeta
“e o lançaram no calabouço de Malquias... mas no calabouço não havia água,
senão lama, e atolou-se Jeremias na lama” (Jr 38.6).
2. A intervenção de Ebede-Meleque: A notícia da prisão do
profeta chegou aos ouvidos do eunuco etíope que, imediatamente, resolveu
intervir para salvar-lhe a vida. Que Corajosa resolução! Leiamos Jr 38.7.
Em primeiro lugar, Ebede-Meleque expôs-se à sanha
dos malfeitores. Ele estava cônscio de que a sua intervenção em favor do
profeta poderia acarretar-lhe sérios problemas. Mas não temeu os riscos; sabia
que estava agindo corretamente. E quantas vezes não nos acovardamos, temendo
perder posições, empregos, e calamo-nos? Ebede-Meleque, em segundo lugar, usou
de sua influência junto ao trono para promover o direito e minar a opressão.
Como seria bom se o exemplo desteafricano fosse seguido com mais frequência em
nossos dias?
3. Ebede-Meleque salva a vida de
Jeremias: Antes a
exposição do eunuco, Zedequias resolveu ajudar ao profeta. Atendendo à
solicitação de Ebede-Meleque, concedeu-lhe 30 homens para ajuda-lo a resgatar o
profeta: “E tomou Ebede-Meleque os homens consigo, e foi à casa do rei, por
debaixo da tesouraria, e tomou dali uns trapos velhos e rotos, e roupas velhas
em bocados, e desceu-os a Jeremias no calabouço por meio de cordas... e puxaram
a Jeremias com as cordas, e o tiraram do calabouço; e ficou Jeremias no átrio
da guarda” (Jr 38.11-13). Assim, a vida de Jeremias foi preservada. Que o
Senhor nos ajude a agir como Ebede-Meleque. Com coragem e determinação. Acaso
Deus nos outorgou um espírito de covardia? De forma alguma! O nosso espírito é
de fortaleza, de amor e de moderação (2 Tm 1.5).
IV. O GALARDÃO DE EBEDE-MELEQUE
Já prestes da destruição de Jerusalém, ordenou o Se
a Jeremias que entregasse a seguinte mensagem a Ebede-Meleque: “Assim diz o
Senhor dos Exércitos, Deus de Israel; Eis que eu trarei as minhas palavras
sobre esta cidade para mal e não para bem; e se cumprirão diante de ti naquele
dia. A ti, porém, eu livrarei naquele dia, diz o Senhor, e não serás entregue
na mão dos homens perante cuja face tu temes. Porque certamente te salvarei, e
não cairás à espada, mas a tua alma terás por despojo; porquanto confiaste em
mim, diz o Senhor” (Jr 39.16-18).
No ano 587 a.C., Nabucodonosor entrou em Judá,
destruiu o santo templo e levou milhares de cativos à Babilônia. Houve mortes e
destruição. Ebede-Meleque, no entanto, nada sofreu. O Senhor dos Exércitos
preservou-lhe a vida.
Se andarmos segundo a vontade de Deus, nada
sofreremos também. Portanto, vamos agir de acordo com a Palavra de Deus. No
devido tempo, teremos o nosso galardão.
CONCLUSÃO
Aprendemos
que devemos ser fiel a Deus e fazemos a obra do Eterno com temor, de modo algum
ficaremos sem a nossa recompensa.
Comentário do Pastor Adilson Farias Soares.
Adaptado por Josué de Asevedo Soares.
Muito edificante;
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