A Bíblia é um livro antigo. Os livros antigos
tinham a forma de rolos (Jr 36.2). Eram feitos de papiro ou pergaminho. O
papiro é uma planta aquática que cresce junto a rios, lagos e banhados, no
Oriente Próximo, cuja entrecasca servia para escrever. Essa planta existe ainda
hoje no Sudão, na Galiléia Superior e no vale de Sarom. As tiras extraídas o papiro
eram coladas umas às outras até formarem um rolo de qualquer extensão. Este material
gráfico primitivo é mencionado muitas vezes na Bíblia, exemplos: Êxodo 2.3; Jó 8.11;
Isaías 18.2. Em certas versões da Bíblia, o papiro é mencionado como junco; de
fato, é um tipo de junco de grandes proporções. De papiro, deriva - se a nossa
palavra papel. Seu uso na escrita vem de
3.000 a.C. Pergaminho é pele de animais, curtida e polida, utiliza da na escrita.
É material gráfico melhor que o papiro. Seu uso é mais recente que o do papiro.
Vem dos primórdios da Era Cristã, apesar de já ser conhecido antes. É também
mencionado na Bíblia, como em 2 Timóteo 4.13. A Bíblia foi originalmente
escrita em forma de rolo, sendo cada livro um rolo.
Assim, vemos
que, a princípio, os livros sagrados não estavam unidos uns aos outros como os
temos agora em nossas Bíblias. O que tornou isso possível foi a invenção do
papel no Século II, pelos chineses, bem como a do prelo, de tipos móveis,
inventada em 1450, pelo alemão Gutemberg. Até então era tudo manuscrito pelos
escribas de modo laborioso, lento e oneroso. Quanto a este aspecto da difusão
de sua Palavra, Deus tem abençoa do maravilhosamente,
de modo que hoje milhões de exemplares das Escrituras são impressos com rapidez
e facilidade em muitos pontos do globo. Também, graças aos progressos alcançados no campo das invenções e da tecnologia,
podemos hoje transportar com toda comodidade um exemplar da Bíblia, coisa
impossível nos tempos primitivos. Ainda hoje, devido aos ritos tradicionais, os
rolos sagrados das Escrituras hebraicas continuam em uso nas sinagogas
judaicas.
Curiosamente o vocábulo “Bíblia” não se encontra nas
passagens das Santas Escrituras. Apenas consta na capa. Esta palavra vem do
grego, a língua em que foi escrito o Novo Testamento. Entendem os biblistas que
este vocábulo é derivado do nome que os gregos davam à folha, de papiro
preparada para a escrita - "biblos". Um rolo de papiro de tamanho pequeno era
chamado "biblion" e vários destes eram uma "bíblia". Portanto,
em literalidade, a palavra bíblia quer dizer "coleção de livros
pequenos". Com a invenção do papel, foram desaparecendo os rolos, e a
palavra biblos deu origem a "livro", como se vê em biblioteca,
bibliografia e bibliófilo. Pesquisadores no assunto afirmam que o nome Bíblia foi
primeiramente aplicado às Santas Escrituras por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla,
no Século IV. É porque as Escrituras formam uma unidade perfeita, o vocábulo Bíblia,
sendo um plural, passou a ser singular, significando o LIVRO, ou seja, o Livro dos
livros; O Livro por excelência. Como Livro divino, a definição canônica da
Bíblia é "A revelação de Deus à humanidade". Os nomes mais comuns ou
canônicos que a Bíblia dá a si mesma são:
• Escrituras
(Mt 21.42)
•
Sagradas Escrituras (Rm 1.2)
• Livro
do Senhor (Is 34.16)
• A
Palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12)
• Os
Oráculos de Deus (Rm 3.2)
BÍBLIA E SUA ESTRUTURA
Estudaremos neste ponto a estrutura ou composição
da Bíblia, isto é, a sua divisão em partes principais e seus livros quanto à
classificação por assuntos, divisão em capítulos e versículos e, certas
particularidades indispensáveis.
A Bíblia divide - se em duas partes principais:
ANTIGO e NOVO TESTAMENTO, tendo ao todo 66 livros: sendo 39 no AT e 27 no NT.
Estes 66 livros foram escritos num período de 16 séculos e tiveram cerca de 40
escritores. Aqui está um dos milagres da Bíblia. Esses escritores pertenceram
às mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em países,
regiões e continentes distantes uns dos outros, em épocas e condições diversas,
entretanto, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Isto prova que um só os
dirigia no registro da revelação divina: Deus.
A palavra testamento vem do termo grego "diatheke",
e significa: a) Aliança ou Concerto, e b) Testamento, isto é, um documento
contendo a última vontade de alguém quanto à distribuição de seus bens, após
sua morte. Esta é a palavra empregada no Novo
Testa mento,
como por exemplo, em Lucas 22.20. No Antigo Testamento, a palavra usada é "berith"
que significa apenas concerto. O duplo sentido do termo grego nos mostra que a morte
do testador (Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, garantindo-nos toda a herança
com Cristo (Rm 8.17; Hb 9.15- 17).
O título Antigo Testamento foi primeiramente aplica
do aos 39 livros das Escrituras hebraicas, por Tertuliano, e Orígenes. Na
primeira divisão principal da Bíblia, temos o Antigo Concerto (também chamado pacto,
aliança), que veio pela Lei, feito no Sinai e, selado com sangue de animais (Êx
24.3-8; Hb 9.19,20). Na segunda divisão principal (o NT), temos o Novo
Concerto, que veio pelo Senhor Jesus Cristo, feito no Calvário e selado com o
seu próprio sangue (Lc 22.20; Hb 9.11- 15). É, pois um concerto superior. Nas
Bíblias de edição da Igreja Romana, o total de livros é 73. Os 7 livros a mais,
são chamados apócrifos. Além dos livros apócrifos, as referidas Bíblias têm
mais 4 acréscimos a livros canônicos. Trataremos disto no capítulo que estudará
o cânon das Escrituras.
1. O Antigo Testamento Tem 39 livros, e foi escrito
originalmente em hebraico, com exceção de pequenos trechos que o foram em
aramaico. O aramaico foi a língua que Israel trouxe do seu exílio babilônico.
Há também algumas palavras persas. Seus 39 livros estão classificados em 4 grupos,
conforme os assuntos a que pertencem: LEI, HISTÓRIA, POESIA, PROFECIA. O grupo
ou classe poesia também é conhecido por
Devocional.
Vejamos os livros por cada grupo.
a. LEI.
São 5
livros: Gênesis a Deuteronômio. São comumente chamados o Pentateuco. Esses
livros tratam da origem de todas as coisas, da Lei, e do estabelecimento da
nação israelita.
b. HISTÓRIA.
São 12
livros: de Josué a.Ester. Ocupam-se da história de Israel nos seus vários
períodos: a) Teocracia, sob os juizes, b) Monarquia, sob Saul, Davi e Salomão,
c) Divisão
do reino e cativeiro, contendo o relato dos reinos de Judá e Israel, este
levado em cativeiro para a Assíria, e aquele para Babilônia, d) Pós-cativeiro, sob
Zorobabel, Esdras e Neemias, em conjunto com os profetas contemporâneos.
c. POESIA.
São 5
livros: de Jó a Cantares de Salomão. São chamados poéticos, não porque sejam
cheios de imaginação e fantasia, mas devido ao gênero do seu conteúdo. São também
chamados devocionais.
d. PROFECIA.
São 17
livros: de Isaías a Malaquias. Estão subdivididos em:
•
Profetas Maiores: Isaías a Daniel (5 livros).
•
Profetas Menores: Oséias a Malaquias (12 livros). Os nomes maiores e menores não
se referem ao mérito ou notoriedade do profeta mais ao tamanho dos livros e à
extensão do respectivo ministério profético. A classificação dos livros do AT,
por assunto, vem da versão Septuaginta, através da Vulgata, e não leva em conta
a ordem cronológica dos livros, o que, para o leitor menos avisado, dá lugar a
não pouca confusão, quando procura agrupar os assuntos cronologicamente. Na
Bíblia hebraica (que é o nosso AT), a divisão dos livros é bem diferente.
Nas Bíblias de edição católico romana, os livros de
1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são chamados 1,2,3 e 4 Reis, respectivamente. 1 e 2
Crônicas são chamados 1 e 2 Paralipômenos. Esdras e Neemias são chamados 1 e 2
Esdras. Também, nas edições católicas de Matos Soares e Figueiredo, o Salmo 9
corresponde em Almeida aos Salmo
s 9 e 10.
O de número 10 é o nosso 11. Isso vai assim até os Salmos 146 a 147, que nas
nossas Bíblias são o de número 147. Deste modo, os três salmos finais são
idênticos em qualquer das versões acima mencionadas.
Essas diferenças de numeração em nada afetam o texto em si, e não poderia ser
doutra forma, sendo a Bíblia o Livro do Senhor!
O NOVO TESTAMENTO
Tem 27 livros. Foi escrito em grego; não no grego
clássico dos eruditos, mas no do povo comum, chamado Koiné. Seus 27 livros
também estão classificados em 4 grupos, conforme o assunto a que pertencem:
BIOGRAFIA, HISTÓRIA, EPÍSTOLAS, PROFECIA. O terceiro grupo é também chamado
DOUTRINA.
a. BIOGRAFIA.
São os 4
Evangelhos. Descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e seu glorioso ministério.
Os três primeiros são chamados Sinópticos, devido a certo paralelismo que têm
entre si. Os Evangelhos são os livros mais importantes da Bíblia. Todos os que
os precedem tratam da preparação para a manifestação de Jesus Cristo, e os que
se
lhes
seguem são explicações da doutrina de Cristo.
b, HISTORIA.
É o livro
de Atos dos Apóstolos. Registra a história da igreja primitiva, seu viver, a
propagação do Evangelho; tudo através do Espírito Santo, conforme Jesus
prometera.
c. EPÍSTOLAS.
São 21 as
epístolas ou cartas. Vão de Romanos a Judas. Contêm a doutrina da Igreja.
• 9 são
dirigidas a igrejas (Romanos a 2 Tessalonicenses)
• 4 são
dirigidas a indivíduos (1 Timóteo a Filemom)
• 1 é
dirigida aos hebreus cristãos
• 7 são
dirigidas a todos os cristãos, indistintamente (Tiago a Judas) As últimas sete
são também chamadas universais, católicas ou gerais, apesar de duas delas (2 e
3 João) serem dirigidas a pessoas.
d. PROFECIA.
É o livro
de Apocalipse ou Revelação. Trata da volta pessoal do Senhor Jesus à Terra e
das coisas que precederão esse glorioso evento. Nesse livro vemos o Senhor
Jesus vindo com seus santos para: a) destruir o poder gentílico mundial sob o reinado
da Besta; b) livrar Israel, que estará no centro da Grande Tribulação; c)
julgar as nações; e d) estabelecer o seu reino milenar.
PASTOR
ANTONIO GILBERTO – LIVRO A BÍBLIA ATRAVÉS DO SÉCULO.
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