O sistema elaborado por Mykytiuk baseia-se em três critérios: um nome
bíblico deve equivaler a uma inscrição autêntica, sem possibilidade de
falsificação. Os nomes – na Bíblia e na inscrição – devem corresponder
em termos de configuração e no período de tempo. O último estágio,
talvez o mais difícil, é procurar correspondências de pelo menos três
detalhes específicos que identifiquem um indivíduo, como nome, título ou
nome do pai.
“Se corresponde às
menções nas Escrituras, é uma certeza inegável”, disse Mykytiuk. “Pode
haver algumas pessoas com o mesmo nome ou até o nome do pai idêntico”,
acrescentou, “mas o mesmo título? Isso se torna inegável”.
Ele
deixa claro que as verificações de nomes bíblicos não garantem que os
eventos bíblicos envolvendo esses indivíduos sejam precisos, apenas de
que não se trata de uma “obra de ficção”, como argumentam muitos
críticos.
Desenvolvido ao longo de 25
anos, o “sistema Mykytiuk” já provou que funciona. Estudando 94
inscrições, ele identificou reis, faraós, sumos sacerdotes e escribas,
entre outros.
Todos os nomes são masculinos, embora ele acredite que esteja perto de identificar uma mulher a partir de uma inscrição.
As
pessoas identificadas incluem oito reis do Reino do Norte (Israel) e
seis do Reino do Sul (Judá). Um deles é o rei Acabe, que liderava Israel
na Batalha de Qarqar, em 853 a.C. – um evento que Mykytiuk relaciona
com os relatos de ambos os livros de Reis e em uma imagem do monstro de
Kurkh.
“Havia apenas um rei israelita naquele momento que poderia
ter lutado [na batalha]”, disse o professor. “Achei uma correspondência
entre a inscrição e a Bíblia”, comemora.
A verificação mais antiga
de Mykytiuk é de outro soberano – o próprio rei Davi, que viveu perto
do ano 1000 a.C. Ele encontrou uma correlação entre o personagem
descrito no livro de 1 Samuel e a inscrição na parede da “Casa de
Davi”, descoberta nas escavações de Tel Dan, no norte de Israel.
“’O
rei de Israel’ é mencionado numa linha”, ressalta Mykytiuk, em seguida
lemos Melech Beit David”. Estava em aramaico, mencionado pelos seus
inimigos, os amonitas, que conquistaram Tel Dan e ergueram um monumento
para comemorar a vitória. Fizeram uma estela, um grande bloco de pedra.
Mais tarde os israelitas reconquistaram o lugar e destruíram [a estela]
usando seus pedaços para erguer uma parede”.
“Davi é tão
importante na Bíblia hebraica e no Novo Testamento … Se você deseja
verificar alguém, ele é o cara certo”, acrescentou.
Os persas, os
babilônios, os egípcios, os moabitas, os arameus e os damascenos também
aparecem na lista de Mykytiuk, apenas alguns dos quase 3.000 povos
mencionados na Bíblia.
“Para a maioria, tudo o que temos são
nomes”, enfatiza o especialista. “Talvez apenas algumas centenas tenham
fatos identificáveis em número suficiente na Bíblia para realmente
identificá-los em alguma outra fonte escrita”. Mas as identificações
continuam surgindo.
Recentemente, ele publicou na revista
especializada em arqueologia Biblical Archeology Review, suas
descobertas sobre Tatenai, um administrador persa sob Dário o Grande; e
Nebuzaradan e Nergal-Sarezer, dois guerreiros babilônios que lutaram
pelo rei Nabucodonosor II, que destruiu o Primeiro Templo.
O nome
de Tatenai é mencionado em fontes bíblicas, como Esdras 5:3 e em uma
tabuinha assinada por Dario, datada de 502 a.C. Já Nebuzaradan e
Nergal-sharezer aparecem nos livros de Reis e Jeremias, respectivamente.
Esses nomes estão inscritos em textos cuneiformes no chamado “prisma de
argila” de Nabucodonosor II.
Fazendo escola
O interesse
de Mykytiuk em verificações arqueológicas começou em 1992, enquanto ele
cursava a pós-graduação em estudos hebraicos e semíticos na Universidade
de Wisconsin-Madison.
Ele estudava a imagem de uma impressão de
argila de um anel de sinete pertencente a um servo do rei Ezequias, que
governou o reino do Sul e é mencionado no Livro dos Reis. Ele
identificou o que parecia ser o nome do rei.
Desde então não parou
mais de investigar. Disse também que a maioria dos estudiosos europeus
nessa área diziam que a Bíblia hebraica era “uma obra de ficção com
algumas referências históricas espaçadas”. Ele só lembrava da impressão
do selo de um servo de Ezequias, que a Bíblia mencionava.
Cristão,
Mykytiuk dedicou-se a verificar os nomes no Antigo Testamento,
estudando diversas inscrições. Ele escreveu sua dissertação sobre o tema
e a publicou como livro anos mais tarde.
Apesar de contestado por
alguns de seus colegas, revela que seguiu os passos do arqueólogo
israelense Nahman Avigad, que morreu em 1992 e havia deixado um legado
para as verificações bíblicas. “Ele estabeleceu alguns critérios que
usei e aperfeiçoei”, revela. “Naquela época ninguém tinha critérios,
exceto Avigad”.
Depois de Mykytiuk estabelecer um sistema próprio,
ganhou seguidores como Kenneth Kitchen, professora de egiptologia da
Universidade de Liverpool (Inglaterra), e Bob Becking, professor de
Bíblia, Religião e Identidade na Universidade de Utrecht (Holanda).
Novo Testamento
O professor Mykytiuk continua fazendo verificações, segundo o seu método, agora envolvendo o Novo Testamento.
Assim
que terminou as 50 primeiras verificações do Antigo Testamento, um
colega o motivou: “Podemos terminar o Novo Testamento também”. Para
Mykytiuk este era um grande desafio.
“Eu sou um homem da Bíblia
hebraica, fazer um estudo do Novo Testamento é muito diferente, com
inscrições e moedas gregas e latinas com as quais você não lida nos
estudos sobre o Antigo Testamento”.
Mas ele foi em frente. Seu
próximo artigo incluirá verificações de 23 figuras políticas do Novo
Testamento. Ele espera publicar o material na edição de setembro/outubro
da Biblical Archeology Review. O material inclui, além de estudos sobre
homens, várias mulheres.
“Muitas são mencionadas em moedas –
governantes e suas esposas [ou] irmãs eram politicamente muito
influentes”, disse Mykytiuk. O especialista revela que está trabalhando
em outro artigo sobre as figuras religiosas do Novo Testamento, como
João Batista, Gamaliel e os sumos sacerdotes.
Fonte: Com
informações de Times of Israel/Noticia Gospel.
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