quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Santidade & Missão

                              

 Quando Deus criou Adão (Gn 1.26-28), declarou expressamente qual o seu propósito para ele. Havia dois aspectos do desígnio divino para homem. O primeiro era santidade – “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” – e o segundo, missão – “Sede fecundos”... enchei a terra e sujeita-a”. Foi esse objetivo ao cria-nos, uma meta da qual Deus jamais se afastou.

Portanto a santidade – cujo significado é estar separado para Deus, para servi-lo – é um dos primeiros passos que temos de dar, se quisermos realizar a vontade divina em nossa vida. O problema é que muitos servos de Deus pensam que, já que já  foram separados para Deus e para seu serviços, podem se entregar a obra do Senhor com bem entenderem.

Moisés, que o Senhor chamou para uma missão específica, tentou realizar a obra de Deus à sua à sua maneira. Jesse Penn Lewis fez o seguinte comentário a esse respeito: “Moises tomara a decisão de servir ao Senhor. Contudo será que isso bastava para que ele espontaneamente se tornasse um vaso para honra, pronto para ser usado por seu Senhor? Ainda não. Nossa rendição pessoal e a decisão de seguir o caminho da cruz não são tudo. É verdade que para chegar a esse ponto enfrentamos um duro conflito. Assim que nos rendemos a ele, porém, sentimos uma grande paz encher-nos o coração. Por causa disso, ficamos com a impressão de que a obra de Deus foi completa em nós. Entretanto, na realidade, tal experiência é apenas o começo de nosso aprendizado espiritual. É preciso que Deus esteja ocupando o trono de nossa vontade, e nossa alma verdadeiramente sujeita ao seu querer.  Só assim ele pode operar em nós seus propósitos”.

Além disso, para realizarmos a obra de Deus na terra, é necessário que cultivemos a santidade, cujo sentido é descansar. Vemos essa dimensão de santidade no relato da criação do mundo, em Gênesis 2.3: “ E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda obra que, como Criador, fizera.” Encerrado a obra da criação, Deus viu que tudo era muito bom, mas ainda não o suficiente. A santidade não é apenas retidão e ausência de pecado. Então quando Deus descansou no sétimo dia, santificou-o no objetivo de santificar também o homem por meio dele. Disse Deus: “...Certamente, guardareis os meus sábados; pois é sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou Senhor, que vos santifica” (Êx 31.13).

Em Hebreus 4.10, lemos: “Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.” Se o homem de Deus quiser conhecer a calma interior que decorre da perfeita confiança na obra realizada pelo Senhor, tem de abandonar toda atividade que provém de sua própria iniciativa. Só assim Deus poderá entrar em sua vida com o descanso sabático e santifica-lo inteiramente.

Jesus mencionou duas dimensões desse descanso. A primeira é o alívio do fardo de uma vida pecaminosa. A segunda é um repouso mais profundo, que atinge a alma, essa área da personalidade que se acha sempre carregada de suas próprias obras e atividades (Mt 11.28,29).  Tais atividades – que em si mesmas não são pecaminosas, mas constituem um entrave à obra e à atuação de Deus – têm de cessar para que os propósitos divinos se realizem em nós. “ Vinde, contemplai as obras do Senhor, que assolações efetuou na terra. Ele põe termo à guerra até aos confins do mundo... Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra” (Sl 46.8-10). Deus só é exaltado entre as nações quando o crente abandona a atividade pessoal a fim de permanecer quieto diante dele. Precisamos reconhecer que só Deus é todo poderoso e sábio e só ele sabe como e quando sua obra deve ser realizada.

A santidade com sentido de descanso implica em ter absoluta confiança no Criador e viver na dependência dele. Não se trata de um estado de imobilismos, pois nessa missão há muito trabalho a ser feito. É paralização das obras de nossa própria iniciativa. O iniciador das ativi



dades do servo deve ser Deus, que já criou as obras para que ele ande nelas (Ef 2.10). Seu Filho, o Senhor Jesus, experimentou perfeitamente esse descanso interior. Só agia e atuava sob a orientação do Pai e pela iniciativa dele (Jo 4.34,35; 5.19-21,30; 6.38).

Precisamos deixar de confiar em atributos humanos, como grau de escolaridade, habilidades naturais, carisma, títulos, posições e linhagem familiar. Quando valorizamos tais atributos, ficamos com a impressão de que nossos julgamentos são sempre corretos, e tendemos e nos estribar neles. Entretanto a mensagem de Deus para o homem, aliás resumida de forma magistral em Provérbios 3.5, é a de que não podemos nos firmar no conhecimento e na sabedoria humana, e, sim, no Senhor.

Podemos entrar no descanso e paz sabáticos pela fé e confiança em Deus (Hb 4.3). Os israelitas não puderam entrar na terra do descanso de Deus por causa de incredulidade. Só tinham olhos para si mesmos e para o que poderiam ou não fazer para Deus. Como se estribaram em seu próprio entendimento e avaliação da tarefa que se lhes apresentava, ou seja, possuir a terra, não realizaram os propósitos de Deus para eles.

 

Extraído, da obra de “Message of the Cross”. Niter Steiner da missão Bethany Fellwship.

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