“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pe 4.10).
Dentre as insondáveis riquezas espirituais em Cristo encontra-se
à disposição da Noiva do Cordeiro para a realização da sua obra os dons
espirituais. Os dons espirituais é uma concessão sobrenatural de autoridade
divina para o serviço especifico do propósito de Deus através da Igreja.
Infelizmente, há pessoas que pensam que os dons são seus e utilizam de forma
escusa e pecaminosa, os dons não deve ser utilizado com algo pessoal, isto é, não
é uma dádiva concedida à pessoa para fazer o que se deseja, mas deve ser
utilizado com temor e responsabilidade tendo a consciência que pertence a Deus
é que penas o Eterno emprestou e um dia pedira conta.
Há dois vocábulos originais empregados em 1 Coríntios 12
relativo aos dons. O primeiro é “pneumatika” (1Co 12.1), que é traduzido na
Bíblia por dons espirituais. O sentido deste termo é “coisa do Espírito”. Já o
outro é “Charisma”(1 Co 12.4), que no português por dom e tem o sentido de
graça, favor, dom especial da graça divina por atuação do Espírito Santo.
O Plural do termo “Charisma” é charismata”, de onde vem a
palavra “carismático”, tal termo é verberado pelos pentecostais em varias
partes do mundo. Entretanto, “charisma” deriva de “charis” que quer dizer
graça, encanto, beleza, favor e benevolência.
CONHECENDO OS DONS ESPIRITUAIS
É bem
verdade que comentar sobre os dons espirituais é algo desafiador para a mente
humana, tendo em vista que muitas vezes tendemos a levar a explicação sempre de
modo racional, e assunto exige que sejamos espirituais. Os dicionaristas
definem DOM como presente, dádiva ou dote; para alguns estudiosos essas
definições está de acordo com Tiago 1.17. Mas para conhecermos melhor sobre o
tema em questão é necessário entendermos:
- Os dons e o Antigo Testamento.
Para
compreendermos sobre os dons no Antigo Testamento é de suma importância que
tenhamos em mente a figura do Espírito Santo que pode ser enfatizado de três
maneiras: 1) Como Espírito Criativo, cujo poder criou todas as coisas; 2) Como
Espírito Regenerador, pelo qual a natureza humana é transformada. 3) Como o
Espírito Dinâmico do doador de poder. Neste último ao estudar as Escrituras
lemos que o Espírito Santo inspirou certos homens como reis, juízes, sacerdotes,
profetas, líderes e a quem desejasse capacitar para uma obra como Bezalel e
Aoliabe (Ex 35.30,31, 34; 36.1-2). Porém, é importante termos em mente que antes
da vinda de Jesus os dons não eram vistos nos moldes em que encontramos nos
textos do Novo Testamento, isto é, como lemos em Atos e nas Epístolas.
Entretanto, é possível perceber operações realizadas pelo Espírito Santo, no
Antigo Testamento como em: Moisés (Nm 11.16,17); Josué (Nm 27.8-21); Otiniel
(Jz 3.9,10); José (Gn 41.38-40); Gideão (Jz 6.34); Jefté (Jz 11.29); Sansão (Jz
13.24,25), Saul (1 Sm 10.6); Eliseu (2 Rs 2.19); Elias (1 Rs 18.12).
No Novo
Testamento os primeiros apóstolos e discípulos ao serem escolhidos e enviados
por Jesus, nos Evangelhos os discípulos recebem o poder e autoridade para curarem
enfermos e expulsar demônios (Lc 9.1; 10.9), mas isto ainda não eram os dons propriamente
dito, os quais vieram pelo ministério de Cristo como podemos ler em Ef 4.8 e Sl
68.18. Esses dons são distribuídos pelo Espírito ao corpo de Cristo para sua
edificação. No Antigo Testamento encontramos a expressão “vossos dons” em Nm
18.29, mas isso tem referencia as benções materiais e não a uma ligação direta
com dom declarado no Novo Testamento. Entretanto, pode-se afirmar que os dons
do Antigo Testamento têm a ver com a presença do Espírito atuando por medida e
de modo bem especifico.
- A Explicação de Paulo sobre os dons (1 Co 12.4-6) – Deus usou o apóstolo Paulo de modo inigualável para tratar dos dons espirituais. Pela inspiração divina Paulo ao tratar dos dons mostra em 1 Co 12.4-6, que tanto o Pai, como o Filho e o Espírito Santos estão empenhados nos dons espirituais, pois nesta passagem encontramos as palavras do Espírito, Senhor, e Deus. Portanto, é possível vê que as três Pessoas divinas cooperam entre si na obra dos dons espirituais.
- A Autoridade da Palavra e os dons (Ef 6.17) – A Palavra e o Espírito estão envolvidas, isto é, combina-se em sua operação conjunta. A Palavra é a espada do Espírito, e o Espírito interpreta e utiliza a Palavra.
- Os dons sem o fruto do espírito (Gl 5.22) – Os dons operar na vida de um crente sem fruto do Espírito (Gl 5.22; Jo 15.1-8). Mas adiante nesta lição trataremos separadamente do fruto do Espírito. Quem recebe dons, a primeira coisa a fazer é procurar conhecer o que ensina a Palavra sobre o exercício deles. Havia abuso dos dons entre os crentes de Corinto, enquanto que em Tessalônica tinha carência deles, a ponto de Paulo dizer: “Não extingais o Espírito”(1Ts 5.19,20).
- A Operação dos dons espirituais – É importante termos em mente o modelo bíblico da operação do espírito e como ocorrem as suas manifestações em 1 Coríntios 12 temos a gloriosa realidade dos dons espirituais em 1 Coríntios 13 vemos a causa motivadora para o exercício dos dons espirituais, ou seja, o amor de Deus reinando no crente e já em 1 Coríntios 14 lemos sobre o correto exercício dos dons regulados pelas Santas Escrituras.
- Os dons e a submissão do crente (1 Co 12.28; 14.19,23,28) – Os dons não devem ser utilizados, em proveitos próprios ou em particular. Infelizmente, temos visto pessoas que pensam que devem falar em línguas quando querem ou profetizar cobrando favores ou alguma soma em dinheiro. Há também aqueles que são cheios de dons, mas fora do âmbito da igreja ou do olhar pastoral. Quando se encontram nos cultos ou em reuniões parece que os dons cessam. Mas é na congregação que Deus coloca o profeta (1 Co 12.28).
- A aceitação dos dons espirituais (At 15.28) – Ler-se nesta passagem: “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”. Primeiro a humildade e em seguida a total submissão ao Espírito. Em nosso meio há aqueles que recebem do Senhor os dons, mas em vez de se conservarem humilde e se sujeitarem a Palavra e a autoridade do pastor, entram pelo caminho da vaidade e da soberba como se os dons fosse propriedade pessoal.
- Os dons e o propósito Divino (1 Co 12.31) – No Novo Testamento os dons são concedidos aos servos de Deus batizado com o Espírito Santo. È bem verdade que há manifestações do espírito que ocorre independente; mas na sua maioria ao meditarmos nas Escrituras percebe-se tamanho elo da presença do Espírito e os dons. Em Atos 19.6, foi ao serem batizados com o Espírito Santo que os crentes profetizaram.
OS VÁRIOS TIPOS DE DONS
O
Pr.Geziel Gomes no livro Dicionário do Espírito Santo editado pela central
gospel, enfatiza que há nas Escrituras, vários tipos de dons, visto que a
palavra ocorre no texto bíblico com diferentes acepções. Jesus Cristo é, por
excelência, o dom de Deus (Jô 4.10; Rm 6.23; 2Co 9.15; Ec 3.13). O Espírito
Santo é o dom de Cristo (At 2.38). O Senhor Jesus outorga dons ministeriais (Ef
4.8,11). O Espírito Santo libera dons administrativos (Rm 12.6-8) e espirituais
(1 Co 12.8-10). São dons providos para a Igreja, a fim de que, por meio deles,
o povo de Deus realize a obra que lhe foi confiada. Portanto, devemos observar
os dons dado por Deus da seguinte forma:
COMPREENDENDO OS DONS
O
teólogo Frank M. Boyd declarou que “a menos que os dons do Espírito sejam
claramente definidos e cuidadosamente classificados em primeiro lugar, seu
propósito não será entendido e podem ser mal usados; a glória do Senhor pode
ser roubada; e a igreja pode deixar de receber os grandes benefícios que esses
dons devem trazer”. Portanto, podemos afirmar que os dons espirituais são
importantes: 1) Pois mostra um dos aspectos da missão e responsabilidade da
Igreja; 2) Percebe-se o lado divino que se manifesta na igreja e 3) Testifica e
confirma no crente a sua fé e as promessas bíblicas.
1.
Visão geral sobre os dons espirituais. – Segundo pesquisador da linha pentecostal há dois catálogos
dos dons espirituais que são mencionados o primeiro em 1 Co 12.8-10 e o segundo
1 Co 12.28 MAIS Rm 12.6-8. A compreensão é que a
primeira e a segunda passagem bíblica são da mesma natureza, pois ambas
utilizam a mesma palavra original “Charisma”, ou seja, é usada para todos (1 Co
12.4 e Rm 12.6).
2.
A classificação dos dons espirituais
Desejo deixar claro aos leitores que a Bíblia em 1
Coríntios 12.8-10 enfatiza sobre os nove dons espirituais que aqui são descrito
por Paulo, mas não afirma que os dons são apenas nove, tendo em vista que em Rm
12.6,7 e 1 Co 12.29 são dons de servir, eles têm a ver com a realização do
serviço do Mestre. Amado, entenda que temos um Deus cujo poder e glória são
grandiosos! Mas para efeito didático vamos ressaltar os 3 grupos que estão
inseridos na primeira passagem acima citada.
·
Dons do Saber ou Revelação (1 Co 12.8,10)– Esses dons são Sabedoria, Ciência, e Discernimento. Estes
dons manifestam a sabedoria de Deus, isto é, concede a capacidade de saber sobrenaturalmente.
·
Dons de poder (1 Co 12.9,10) – Fé, Curas e maravilhas. Tais dons manifestam o poder de
Deus, ou seja, é concedida a capacidade de agir
sobrenaturalmente.
·
Dons verbais ou inspiração (1 Co 12.10)- Profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas.
São dons que expressam verbalmente a mensagem do Eterno, percebe-se a
capacidade de falar
sobrenaturalmente.
3.
A Operação dos dons espirituais (1 Co 14.26)
Reconhecemos que nosso Senhor faz milagres, verbera por
meio de seus profetas e usa os líderes de modo extraordinário em nossas
igrejas, e mesmo assim, muitos julgam comuns essas manifestações e não
valorizam e nem percebem as operações do Espírito. Entretanto, para conhecermos
melhores tais operações e valorizarmos tais maravilhas é importante analisar
cada um biblicamente.
·
A
Palavra da sabedoria (1 Co 12.8) – Este dom tem a ver com a mente, à vontade e
propósitos de Deus. Trata-se da “palavra da sabedoria”, ou seja, uma partícula
de infinita da sabedoria divina. Esse dom manifesta a operar na pregação, no
ensino da Bíblia, no governo da igreja, nas emergências, no momento de
conselho, na escolha de obreiros, na administração da própria vida através da
prudência conduzida pelo Espírito.
·
A
Palavra da ciência (1 Co 12.8) – A ciência como dom é conhecimento, não apenas
comunicado, mas também revelado pelo Eterno. Este dom é uma partícula da
onisciência do próprio Deus. Sabedoria é maior que a ciência porque a primeira
é ativa e a segunda inativa. Sabedoria é saber utilizar o conhecimento.
·
O
Discernimento de espíritos (1 Co 12.10) – Este é o terceiro dom do saber. Não
se trata de julgar, criticar ou fazer mau juízo do seu semelhante mas discernir
espíritos, isto é, discernir de fato o que está em oculto é perceber quem está
operando naquele ambiente ou dentro das pessoas. O dom da ciência tem a ver com
pessoas e coisas, mas este tem a ver com espíritos.
·
A
fé (1 Co 12.9) – Trata-se da capacidade ou faculdade de confiar em Deus de modo
sobrenatural. A fé é como dom espiritual, trata-se de fé especial, e não fé
salvadora (Ef 2.8), ou fé como fruto do Espírito (Gl 5.22). É parte da fé que é
atributo de Deus (Mc 11.22). Nesta passagem, a expressão “Tende fé em Deus”,
significa literalmente, à luz do texto original: “tende fé estando em Deus”(2
Co 10.15; 2 Ts 1.3).
·
Dons
de curar (1 Co 12.9) – Cura do corpo e da mente. A pluralidade deste dom revela
que o Eterno na sua infinita misericórdia deseja aliviar o sofrimento humano na
área da saúde seja ela física ou espiritual.
·
Operação
de maravilhas (1 Co 12.10) – São manifestações especiais, em que o poder de
Deus agiu extraordinariamente, ou seja, são milagres que envolvem atos
criativos, juízos, ressurreição de mortos e intervenções nas leis fixas da
natureza.
·
Profecia
(1 Co 12.10) – Esse dom merece maior cuidado na igreja, tendo em vista ser um
dom que pode ser manipulado pelo crente carnal. Alguém na carne pode criar uma
profecia, se apropria de língua estranha e até mesmo de interpretações. Por
isso, o apostolo Paulo deu muita atenção e longo doutrinamento, em 1 Coríntios
14, sem dúvida por causa da facilidade de serem falsificados e imitados por
muitos.
·
Variedades
de língua (1 Co 12.10) – O Pr. Raimundo de Oliveira em seu livro a doutrina
pentecostal hoje comenta que as variedades de línguas é a expressão falada e
sobrenatural duma língua nunca estudada pela pessoa que fala; uma palavra
enunciada pelo poder do Espírito Santo, não compreendida por quem fala, e
usualmente incompreensível para o ouvinte. Nada tem a ver com a facilidade de
assimilar línguas estrangeiras e tampouco tem a ver com intelecto. Portanto, é
a manifestação da mente de Deus através da fala humana.
·
Interpretação
de línguas (1 Co 12.10) – É bom termos em mente que “interpretação” nesta
passagem não é mesma coisa que tradução.Este é um dom maravilhoso que revela o
poder e a riqueza divina. É importante ressaltar que a interpretação de línguas
é o único dom cuja existência ou função depende de outro dom – a variedade de
línguas. Entretanto, não havendo o dom de revelação de variedade de línguas,
não pode ocorrer a interpretação de línguas.
TERMOS DESIGNADORES DOS DONS
O Pastor Antonio Gilberto da Silva certa ocasião abordou em
um artigo sobre cinco principais termos designadores dos dons. Segundo ele estes
termos descrevem a natureza dos dons nas Escrituras. São eles:
1.
Dons Espirituais – Ou pneumatika
(1 Co 12.1). Os opositores desta doutrina alegam que, no grego, esta passagem
não consta a Palavra “dom”. Não consta neste versículo, mas consta a seguir, em
1 Coríntios 12 e nos capítulos seguintes. O referido termo enfatiza as
manifestações sobrenaturais do Espírito Santo por meio dos dons (1 Co
12.7;14.1).
2.
Dons da Graça – Ou charismata
(1 Co 12.4 e Rm 12.6). Falam da graça subseqüente de Deus em todos os tempos e
aspectos da salvação.
3.
Ministérios – Ou diakonai (1 Co 12.5). Isso dá a idéia de serviço,
trabalho e ministério prático. São manifestações sobrenaturais do Espírito
através dos servos de Deus na igreja como um corpo (1 Co 12.12-27).
4.
Operações
– Ou energemata (1 Co 12.6). Ou
seja, os dons são operações diretas do poder de Deus para a realização de seus
propósitos e para o povo (vv 9,10).
5.
Manifestações – Ou phanerosis
(1Co 12.7). Os dons são sobrenaturais da parte de Deus; mas, conforme o sentido
do termo original, aqui eles operam igualmente na esfera do natural, do
tangível, do sensível, do visível.
OUTROS DONS EM ROMANOS 12
- Dom de ministrar (Rm 12.7) – Estudiosos pentecostais compreendem como servir, prestar serviço, ajudar sem jamais esperar receber qualquer recompensa, reconhecimento ou remuneração.
- Dom de ensinar (Rm 12.7) – É demonstrar a Palavra na teoria e na prática, ou seja, é ensinar de fato: ensinar a compreender, entender e fazer.
- Dom de Exortar (Rm 12.8) – Alguns interpretam como aconselhar, ajudar,encorajar animar de forma espiritual, isto é, é avivar espiritualmente o povo. O pregador, o pastor e o mestre necessitam muito deste dom.
- Dom de repartir (Rm 12.8) – É o dom de contribuir, de dar, distribuir aos necessitados. Este dom é muito necessário as nossas igrejas nos dias atuais. Portanto, oremos a Deus que venha derramar na vida de cada servo de Deus.
- Dom de presidir (Rm 12.8) – Este dom tem muito a ver com a liderança da Igreja. O dom de presidir esta ligada em saber organizar, administrar, dirigir, governar com segurança, é ter firmeza, prudência, sabedoria e discernimento do problema com a ajuda de Deus.
- Dom de Misericórdia (Rm 12.8) – Este dom tem a ver com a prática da misericórdia. Graças ao Eterno Deus que há em nossas Igrejas temos pessoas que são batalhadoras na obra do Mestre. Portanto, podemos dizer que este dom tem a ver com sofredores, visitação, socorro, afligir-se com a situação do seu semelhante, preocupação com outros, isto é, procurar os outros para fazer-lhes o bem. Glória Deus!
CONCLUSÃO
C.H. Spurgeon, em um de suas obras, conta a história de uma
senhora de idade que residia numa instituição para idosos pobres que ele certo
dia visitara. Nos pertences dessa velhinha foi encontrado um documento bancário
antigo, que fora dado como lembrança de alguém muito rico. Com a permissão
daquela Senhora, o pregador Spurgeon levou o documento a um banco e tomou
conhecimento que se tratava de uma elevada soma em dinheiro que daria para ela
viver muito bem pelo resto da sua vida.
Este fato chamou a atenção de Spurgeon que concluiu que
muitos servos de Deus estão vivendo em estado de pobreza espiritual por rejeitarem
as riquezas espirituais que estão a sua disposição. Portanto, a Igreja nos dias
atuais deve conhecer buscar, receber e exercitar mais e mais a provisão de Deus
através dos dons espirituais, para o seu continuo crescimento e
concomitantemente glorificar o nome do Senhor.
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