quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Os atos de justiça de um crente são trapos imundos? – Kevin DeYoung

“Mas todos nós somos como imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia e todos nós caímos como folha, e as nossas culpas, como um vento, nos arrebatam”. Isaias 64.6
Segundo a tradição, a expressão "trapo de imundícia" tem a sua origem na ação de um leproso em limpar suas feridas com um pedaço de pano. 

O leproso era considerado imundo e vivia separado da comunidade e não havia ninguém interessado em cuidar dele; E na sua dor, ele se valia de um pedaço de pano e procedia a limpeza superficial de suas feridas que muitas vezes já estavam podres e cheirando mal. Após vários procedimentos o pano ficava muito sujo e já não mais prestava para a limpeza. O pedaço de pano se tornava em um "trapo de imundícia".


Muitos são os cristãos que creem que todos os seus atos justos não passam de trapos imundos. Afinal, é o que Isaías 64.6 parece dizer: até mesmo nossos melhores feitos são imundos e destituídos de valor. Mas não penso ser isso que Isaías quis dizer. Os “atos de justiça” que Isaías tinha em mente eram, muito provavelmente, os rituais superficiais oferecidos por Israel, desprovidos de uma fé e de uma obediência sinceras. Em Isaías 65.1-7, o Senhor rejeita os sacrifícios pecaminosos de Israel. Eles são um insulto ao Senhor, fumaça para seu nariz, assim como a “obediência” ritualista de Isaías 58 não impressionou ao Senhor porque seu povo continuava oprimindo o pobre. Os “atos de justiça” eram “trapos imundos” porque não eram nem um pouco justos. Tinham aparência boa, mas não passavam de farsa, literalmente uma cortina de fumaça para acobertar a incredulidade e a desobediência deles.
Por isso, não deveríamos pensar que todo “ato de justiça” nosso é como trapos imundos aos olhos de Deus. Aliás, no versículo anterior, Isaías 64.5, Isaías declara: “Vens ajudar aqueles que praticam a justiça com alegria, que se lembram de ti e dos teus caminhos”. Não é impossível o povo de Deus praticar atos de justiça que agradam a Deus. John Piper explica:
“Às vezes as pessoas são descuidadas e falam de forma negligente sobre toda a justiça humana, como se não houvesse nada que agradasse a Deus. Muitas vezes elas citam Isaías 64.6 que diz que nossa justiça é como ‘trapo de imundícia’. É verdadeiro – gloriosamente verdadeiro – que ninguém do povo de Deus, antes ou depois da cruz, seria aceito pelo Deus imaculadamente santo se a justiça perfeita de Cristo não nos fosse imputada (Romanos 5.19; 1 Coríntios 1.30; 2 Coríntios 5.21). Mas isso não quer dizer que Deus não produza nessas pessoas ‘justificadas’ (antes e depois da cruz) uma justiça experiencial que não é ‘trapo de imundícia’. Ao contrário, ele o faz; e essa justiça é preciosa a Deus e é exigida, não comofundamento da justificação (que é a justiça de Cristo somente) mas como evidência de sermos filhos verdadeiramente justificados de Deus”.[1]
É perigoso ignorar-se a suposição, e expectativa, da Bíblia, de que a justiça é possível. É claro que nossa justiça jamais é capaz de aplacar a ira de Deus. Precisamos da justiça imputada de Cristo para isso. Tem mais: não temos como produzir justiça em nossa própria força. Mas como crentes nascidos de novo, é possível agradarmos a Deus por meio de sua graça. Os que geram fruto em cada boa obra e crescem no conhecimento de Deus são totalmente agradáveis a Deus (Cl 1.10). Apresentar nosso corpo como sacrifício vivo agrada a Deus (Rm 12.1). Cuidarmos de nosso irmão mais fraco agrada a Deus (Rm 14.18). Obedecer nossos pais agrada a Deus (Cl 3.20). Ensinar a Palavra de forma autêntica agrada a Deus (1 Ts 2.4). Orar por autoridades de governo agrada a Deus (1 Tm 2.1-3). Sustentar familiares em necessidade agrada a Deus (1 Tm 5.4). Partilhar recursos financeiros com outros agrada a Deus (Hb 13.16). Agrada a Deus quando guardamos os seus mandamentos (1 João 3.22). Em linhas gerais, sempre que você confia em Deus e o obedece, ele se agrada disso.[2]
Pensamos ser marca de sensibilidade espiritual considerar tudo que fazemos como moralmente suspeito. Mas essa não é a forma da Bíblia pensar acerca da justiça. Ainda mais importante, tal tipo de resignação não retrata a verdade acerca de Deus. A. W. Tozer está correto:
Um mundo de infelicidade sobrevém a bons cristãos até mesmo hoje, a partir de um falso entendimento de quem Deus é. Pensa-se na vida cristã como algo lúgubre, um carregar de cruz cuja monotonia não sofre solução de continuidade, sob os olhos de um Pai rígido que espera muito e nada desculpa. Ele é austero, rabugento, tremendamente temperamental e extremamente difícil de agradar.[3]
Mas esta não é a forma de se enxergar o Deus da Bíblia. Nosso Deus não é um capataz caprichoso. Não é hipersensível nem inclinado a ataques de raiva por causa da menor ofensa. Ele é tardio em irar-se e cheio de amor (Ex 34.6). “Ele não é difícil de agradar”, relembra-nos Tozer, “embora possa ser difícil de satisfazer”. [4]
Por que é que imaginamos um Deus tão indiferente diante de nossas sinceras tentativas de obedecer? Ele é, afinal de contas nosso Pai celeste. Que pai seria capaz de olhar para o cartão de aniversário feito pela filha e reclamar porque não gostou das cores? Que mãe haveria de dizer ao filho, depois deste limpar a garagem, mas colocar as latas de tinta nas prateleiras errada: “Isso tudo nada vale aos meus olhos”? Que tipo de pai ou mãe reage com impaciência diante do primeiro tombo do filho ao aprender a andar de bicicleta? Não há justiça que nos torne retos diante de Deus exceto pela justiça de Cristo. Mas para os que foram feitos retos diante de Deus exclusivamente pela graça mediante a fé, tendo, portanto, sido adotados na família de Deus, muitos de nossos atos de justiça não só não  são imundos aos olhos de Deus, eles são doces, preciosos e agradáveis a ele.

[1] John Piper, Graça Futura (São Paulo, SP: Shedd Publicações, 2009), pág. 148
[2] Veja Wayne Grudem, “Pleasing God by Our Obedience”, em For the Fame of God’s Name: Essays in Honor of John Piper, ed. Sam Storms and Justin Taykir (Wheaton, IL: Crossway, 2010), pág. 277.
[3] A. W. Tozer, The Best of A. W. Tozer, Volume 1 (Grand Rapids, MI: Baker, 1978), pág. 121.
[4] Ibid.
FONTE: Voltemos a Evangelho. 16.01.2020

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

PREGOU AOS ESPÍRITOS EM PRISÃO. 1 PEDRO 3.19


  O versículo em 1 Pedro 3.19 tem gerado diversas interpretações e especulações entre estudiosos da Bíblia, com cada corrente oferecendo uma compreensão distinta sobre o que significa a pregação "aos espíritos em prisão". A seguir, apresentamos algumas das principais interpretações encontradas na literatura:
  1. Cristo pré-encarnado pregando através de Noé: Alguns comentaristas acreditam que o versículo faz referência a Cristo antes de Sua encarnação, pregando por intermédio de Noé (2 Pedro 2.5). De acordo com essa visão, os "espíritos em prisão" seriam aqueles que rejeitaram a mensagem pregada por Noé, sendo agora aprisionados como punição por sua desobediência.
  2. Cristo pregando aos anjos caídos: Outra linha de interpretação sustenta que Cristo teria descido ao lugar onde os anjos caídos estavam encarcerados, pregando a eles Sua vitória. Essa teoria baseia-se na ideia de que alguns desses anjos haviam se corrompido ao abandonar seu estado original e se envolver com mulheres (cf. Gênesis 6.1-4). De acordo com essa visão, a mensagem proclamada por Cristo seria, na verdade, uma declaração de Sua vitória sobre essas entidades malignas (cf. 2 Pedro 2.4).
  3. Cristo pregando aos ímpios antediluvianos: Outra interpretação propõe que, entre Sua morte e ressurreição, Cristo teria descido ao Hades para oferecer uma segunda oportunidade de salvação aos ímpios que haviam vivido antes do dilúvio, ou seja, aos que morreram antes da época de Noé (1 Pedro 3.20). Nessa visão, Cristo teria proclamado o evangelho e declarado Sua vitória, oferecendo a esses indivíduos uma chance de redenção.
  4. Proclamação de vitória sem oferecer uma segunda oportunidade: Uma linha de pensamento considera que o versículo em questão reflete apenas uma proclamação de vitória de Cristo sobre o pecado e sobre os que já haviam morrido, sem a oferta de uma segunda oportunidade de salvação. Essa interpretação sugere que a mensagem é uma advertência para a geração desobediente da época de Noé, que agora se encontra no Hades, aguardando o juízo final. A Bíblia de Estudo Pentecostal, em seus comentários, favorece essa interpretação, alinhando-a com a visão de que o Espírito de Cristo falou através dos profetas em tempos passados (2 Pedro 1.20-21).
  5. Proclamação da vitória de Cristo sobre as forças do mal: No comentário de Shedd, há a interpretação de que Cristo proclamou Sua vitória, mas não evangelizou aos anjos caídos (cf. 2 Pedro 2.4-5). Para Shedd, o versículo 1 Pedro 3.19 é uma afirmação da vitória de Cristo sobre as forças do mal e sobre o inimigo, possivelmente aludindo à passagem de Colossenses 2.15, que descreve Cristo como triunfante sobre as potências demoníacas.

A Bíblia de Estudo NVI aponta algumas críticas importantes às três primeiras interpretações. Primeiramente, a primeira teoria falha ao não relacionar o acontecimento com a morte e a ressurreição de Cristo, como o contexto sugere, uma vez que todos os que morreram antes desse evento estariam em uma condição semelhante. A segunda teoria enfrenta dificuldades devido à presunção de relações sexuais entre anjos e mulheres, algo que as Escrituras refutam, uma vez que os anjos são seres espirituais e não se casam nem se dão a casamento (Mateus 22.30). Já a terceira teoria enfrenta a objeção de que o termo "espíritos" em 1 Pedro 3.19 é tipicamente aplicado a seres humanos apenas quando qualificado, o que sugere que, sem essa qualificação, o termo estaria se referindo a seres sobrenaturais.

Diante dessas dificuldades, parece que as teorias mais consistentes são a quarta e a quinta, que, ao menos em sua interpretação mais simples e direta do texto, se alinham com uma leitura que não necessita de explicações complexas ou pressuposições além do que é explicitamente apresentado. Em todo caso, este versículo continua sendo um desafio interpretativo significativo para os estudiosos da Bíblia.

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  1. A Bíblia de Estudo Pentecostal adota essa visão em seu comentário sobre o versículo 1 Pedro 3.19, enfatizando que a interpretação mais simples e direta parece ser a que se refere à pregação como uma proclamação de vitória de Cristo sobre os inimigos e a desobediência dos tempos de Noé.
  2. A passagem de Colossenses 2.15, mencionada no comentário de Shedd, descreve como Cristo despojou os principados e potestades, triunfando sobre eles publicamente, o que se alinha com a ideia de uma proclamação de vitória.
 Fraternalmente em Cristo.
Josué de Asevedo Soares.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

OBREIRO CUMPRINDO O MINISTÉRO




“E dizei a Arquipo: Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para que o cumpras” (Cl 4.17).
Introdução
Dos 3930 personagens  mencionados nas Escrituras, encontramos Arquipo,  cujo nome significa no latim: domador de cavalo. Provavelmente filho de Filemon e Áfia (Fm 2). Um obreiro da Igreja em Colosso (Fp 2.25), auxiliar de Epafras ou Epafrodito. Praticamente, um obreiro comum, anônimo. Paulo encorajou Arquipo a realizar a incumbência que havia recebido do Senhor. Existem muitas maneiras de deixarmos o nosso trabalho inacabado. Podemos facilmente nos desviar moralmente, podemos nos tornar exaustos e parar, podemos ficar desequilibrados e desistir ou podemos nos desinteressar e deixar que outros façam. Devemos ter cuidado de cumprir as tarefas que Deus nos deu, concluindo o trabalho que recebemos.
I – Síndrome do desanimo e da desmotivação.
 1.É um conjunto de sinais e sintomas observáveis em vários processos patológicos diferentes e sem causa específica. 
      2, É um conjunto de sinais ou de características que, em associação com uma condição crítica, são passíveis de despertar insegurança e medo.

       3.  As Desmotivações podem está relacionado a depressão, decepções e excesso de cobranças que parece jogar a mente da pessoa em um funil. Mas, também pode está relacionado a racionalização da  fé e do crescente materialismo nas Igrejas. O que não pode ser deixado de lado e a vida de oração, leitura da Bíblia compromissada com a prática, demonstração de uma verdadeira conversão.
a)      Não podemos confundir incapacidade com humildade! Deus Chamou:
·         Moisés – E disse: Não sei falar.
·         Gideão – E disse: Sou o menor.
·         Isaias –  E disse: Sou impuro de lábios.
·         Jeremias –  E disse: Sou uma criança.
·         Paulo – E disse:  Sou abortivo.

2. Como cumprir o ministério.
1.      Mesmo em meio a adversidade na obra de Deus, cumpra o teu ministério (2 Tm 4.5). Portanto, devemos cumprir o nosso ministério:
·         Com alegria (Sl 100.2ª);
·         Com coragem (2 Tm 1.7);
·         Com a unção de Deus (Gn 41.38,42,43ª).
Conclusão:
Douglas Maloch escrveu: Se você não puder ser um pinheiro no topo da colina, seja um arbusto no vale, mas seja Omelhor arbusto à margem do regato. Se não puder ser uma ramo, seja um pouco de relva, e de alegria a algum caminho....

FRATERNALMENTE EM CRISTO.