O versículo em 1 Pedro 3.19 tem gerado diversas interpretações e especulações entre estudiosos da Bíblia, com cada corrente oferecendo uma compreensão distinta sobre o que significa a pregação "aos espíritos em prisão". A seguir, apresentamos algumas das principais interpretações encontradas na literatura:
- Cristo
pré-encarnado pregando através de Noé: Alguns comentaristas acreditam que o
versículo faz referência a Cristo antes de Sua encarnação, pregando por
intermédio de Noé (2 Pedro 2.5). De acordo com essa visão, os
"espíritos em prisão" seriam aqueles que rejeitaram a mensagem
pregada por Noé, sendo agora aprisionados como punição por sua
desobediência.
- Cristo
pregando aos anjos caídos: Outra linha de interpretação sustenta que
Cristo teria descido ao lugar onde os anjos caídos estavam encarcerados,
pregando a eles Sua vitória. Essa teoria baseia-se na ideia de que alguns
desses anjos haviam se corrompido ao abandonar seu estado original e se
envolver com mulheres (cf. Gênesis 6.1-4). De acordo com essa visão, a
mensagem proclamada por Cristo seria, na verdade, uma declaração de Sua
vitória sobre essas entidades malignas (cf. 2 Pedro 2.4).
- Cristo
pregando aos ímpios antediluvianos: Outra interpretação propõe que, entre Sua
morte e ressurreição, Cristo teria descido ao Hades para oferecer uma
segunda oportunidade de salvação aos ímpios que haviam vivido antes do
dilúvio, ou seja, aos que morreram antes da época de Noé (1 Pedro 3.20).
Nessa visão, Cristo teria proclamado o evangelho e declarado Sua vitória,
oferecendo a esses indivíduos uma chance de redenção.
- Proclamação
de vitória sem oferecer uma segunda oportunidade: Uma linha de pensamento
considera que o versículo em questão reflete apenas uma proclamação de
vitória de Cristo sobre o pecado e sobre os que já haviam morrido, sem a
oferta de uma segunda oportunidade de salvação. Essa interpretação sugere
que a mensagem é uma advertência para a geração desobediente da época de
Noé, que agora se encontra no Hades, aguardando o juízo final. A Bíblia de
Estudo Pentecostal, em seus comentários, favorece essa interpretação,
alinhando-a com a visão de que o Espírito de Cristo falou através dos
profetas em tempos passados (2 Pedro 1.20-21).
- Proclamação
da vitória de Cristo sobre as forças do mal: No comentário de Shedd, há
a interpretação de que Cristo proclamou Sua vitória, mas não evangelizou
aos anjos caídos (cf. 2 Pedro 2.4-5). Para Shedd, o versículo 1 Pedro 3.19
é uma afirmação da vitória de Cristo sobre as forças do mal e sobre o
inimigo, possivelmente aludindo à passagem de Colossenses 2.15, que
descreve Cristo como triunfante sobre as potências demoníacas.
A Bíblia de Estudo NVI aponta algumas críticas
importantes às três primeiras interpretações. Primeiramente, a primeira teoria
falha ao não relacionar o acontecimento com a morte e a ressurreição de Cristo,
como o contexto sugere, uma vez que todos os que morreram antes desse evento
estariam em uma condição semelhante. A segunda teoria enfrenta dificuldades
devido à presunção de relações sexuais entre anjos e mulheres, algo que as
Escrituras refutam, uma vez que os anjos são seres espirituais e não se casam
nem se dão a casamento (Mateus 22.30). Já a terceira teoria enfrenta a objeção
de que o termo "espíritos" em 1 Pedro 3.19 é tipicamente aplicado a
seres humanos apenas quando qualificado, o que sugere que, sem essa
qualificação, o termo estaria se referindo a seres sobrenaturais.
Diante dessas dificuldades, parece que as teorias
mais consistentes são a quarta e a quinta, que, ao menos em sua interpretação
mais simples e direta do texto, se alinham com uma leitura que não necessita de
explicações complexas ou pressuposições além do que é explicitamente
apresentado. Em todo caso, este versículo continua sendo um desafio
interpretativo significativo para os estudiosos da Bíblia.
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- A Bíblia de Estudo Pentecostal
adota essa visão em seu comentário sobre o versículo 1 Pedro 3.19,
enfatizando que a interpretação mais simples e direta parece ser a que se
refere à pregação como uma proclamação de vitória de Cristo sobre os
inimigos e a desobediência dos tempos de Noé.
- A passagem de Colossenses
2.15, mencionada no comentário de Shedd, descreve como Cristo despojou os
principados e potestades, triunfando sobre eles publicamente, o que se
alinha com a ideia de uma proclamação de vitória.
Parabéns professor muito esclarecedor.
ResponderExcluirInformação que chegou na hora certa. Obrigado.
ResponderExcluirVou compartilhar. Deus seja louvado.
ResponderExcluirDeus abençoe sempre a sua vida. Bom artigo.
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