Resposta do General Torres de Melo à carta da
Jornalista
Como educador e cidadão julguei interessante
expor em nosso Blog a carta do General Torres a Jornalista Miriam Leitão que,
foi publicada no dia 28 de março por site de noticias, em tom de resposta a
Jornalista o general comenta com muita maestria verdade que muitos renegam,
infelizmente não é mencionada no meio de comunicação. Criamos um épico em cima
daqueles que morreram, os que foram presos são até visto como mártires; abro
aqui um parêntese, e destaco que, infelizmente muitos morreram de forma brutal
no período do governo militar, e com isso, não concordamos, mas entendo que a
carta do General mostra a face daquele que está do outro e que poucas vezes é
narrado. Não podemos esquecer que aqueles que hoje estão no poder e que dizem
ter “lutado” no período do governo militar estão minerando o Brasil, estão
matando de forma brutal o povo brasileiro, permitindo os inescrupulosos no
poder, matando de fome o povo, não oferecem uma boa escola e tampouco hospital
público de qualidade, e alimentam a indústria dos planos de saúde, que por sua
vez, não dão um bom atendimento, estamos reféns de mercenários, sem falar na
vergonha que vemos na telefonia celular, as operadoras fazem o que querem,
cobram tarifas exorbitantes e nós aqui do outro lado, muitas vezes ficamos sem
respostas. Confesso que fico desapontado com tais governantes que mineram a
população sem pena. Por isso, leia com cuidado a carta do General, penso que
todos nós precisamos refletir. Cuidado quando for votar!
Fraternalmente.
À Senhora Jornalista Miriam Leitão
Li o seu artigo "ENQUANTO
ISSO", com todo cuidado possível. Senti, em suas linhas, que a senhora
procura mostrar que os MILITARES BRASILEIROS de HOJE, são bem diferentes dos
MILITARES BRASILEIROS de ONTEM. Penso que esse é o ponto central de sua tese.
Para criar credibilidade nas suas afirmativas, a senhora escreveu: "houve
um tempo em que a interpretação dos militares brasileiros sobre LEI E ORDEM era
rasgar as leis e ferir a ordem. Hoje em dia, eles demonstram com convicção
terem aprendido o que não podem fazer". Permita-me discordar dessa
afirmativa de vez que vejo nela uma injustiça, pois fiz parte dos MILITARES DE
ONTEM e nunca vi os meus camaradas militares rasgarem leis e ferir a ordem. Nem
ontem nem hoje. Vou demonstrar a minha tese.
No Império, as LEIS E A ORDEM
foram rasgadas no Pará, Ceará, Minas, Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul pelas paixões
políticas da época. AS LEIS E A ORDEM foram restabelecidas pelo Grande
Pacificador do Império, um Militar de Ontem, o Duque de Caxias, que com sua
ação manteve a Unidade Nacional. Não rasgamos as leis nem ferimos a ordem. Pelo
contrário.
Vem a queda do Império e a
República. Pelo que sei, e a História registra, foram políticos que
acabaram envolvendo os velhos Marechais Deodoro e Floriano nas lides políticas.
A política dos governadores criando as oligarquias regionais, não foi obra dos
Militares de Ontem, quando as leis e a ordem foram rasgadas e feridas pelos
donos do Poder, razão maior das revoltas dos tenentes da década de 20, que
sonhavam com um Brasil mais democrático e justo. Os Militares de Ontem ficaram
ao lado da lei e da Ordem. Lembro à nobre jornalista que foram os civis
políticos que fizeram a revolução de 30, apoiados, contudo, pelos tenentes
revolucionários, menos Prestes, que abraçou o comunismo russo.
Veio a época getuliana,
que, aos poucos, foi afastando os tenentes das decisões políticas. A revolução
Paulista não foi feita pelos Militares de Ontem e sim pelos políticos
paulistas que não aceitavam a ditadura de Vargas. Não foram os Militares de
Ontem que fizeram a revolução de 35 (senão alguns, levados por civis a se converterem
para a ideologia vermelha, mas logo combatidos e derrotados pelos verdadeiros
Militares de Ontem); nem fizeram a revolta de 38; nem deram o golpe de
37. Penso que a senhora, dentro de seu espírito de justiça, há de concordar
comigo que foram as velhas raposas GETÚLIO - CHICO CAMPOS - OSWALDO ARANHA e os
chefetes que estavam nos governos dos Estados, que aceitaram o golpe de 37. Não
coloque a culpa nos Militares de Ontem.
Veio a segunda guerra
mundial. O Nazismo e o Fascismo tentam dominar o mundo. Assistimos ao primeiro
choque da hipocrisia da esquerda. A senhora deve ter lido - pois àquela época
não seria nascida -, sobre o acordo da Alemanha e a URSS para dividirem a pobre
Polônia e os sindicatos comunistas do mundo ocidental fazendo greves contra os
seus próprios países a favor da Alemanha por imposição da URSS e a mudança de
posição quando a "Santa URSS" foi invadida por Hitler. O Brasil ficou
em cima de muro até que nossos navios (35) foram afundados. Era a guerra, a FEB
e seu término. Getúlio - o ditador - caiu e vieram as eleições. As Forças
Armadas foram chamadas a intervir para evitar o pior. Foram os políticos
que pressionaram os Militares de Ontem para manter a ordem. Não rasgamos as
leis nem ferimos a ordem. Chamou-se o Presidente do Supremo Tribunal Federal
para, como Presidente, governar a transição. Não se impôs MILITAR algum.
O mundo dividiu-se em
dois. O lado democrático, chamado pelos comunistas de imperialistas, e o lado
comunista com as suas ditaduras cruéis e seus celebres julgamentos
"democráticos". Prefiro o primeiro e tenho certeza de que a senhora,
também. No lado ocidental não se tinham os GULAGs.
O período Dutra (ESCOLHIDO
PELOS CIVIS E ELEITO PELO VOTO DIRETO DO POVO) teve seus erros - NUNCA CONTRA A
LEI E A ORDEM - e virtudes como toda obra humana. A colocação do Partido
Comunista na ilegalidade foi uma obra do Congresso Nacional por inabilidade do
próprio Carlos Prestes, que declarou ficar ao lado da URSS e não do Brasil em
caso de guerra entre os dois países. Dutra vivia com o "livrinho" (a
Constituição) na mão, pois os políticos, nas suas ambições, queriam
intervenções em alguns Estados, inclusive em São Paulo. A senhora deve ter lido
isso, pois há vasta literatura sobre a História daqueles idos.
Novo período de Getúlio
Vargas. Ele já não tinha mais o vigor dos anos trinta. Quem leu CHATÔ, SAMUEL
WEINER (a senhora leu?) sente que os falsos amigos de Getúlio o levaram à desgraça.
Os Militares de Ontem não se envolveram no caso, senão para investigar os
crimes que vinham sendo cometidos sem apuração pela Polícia; nem rasgaram leis
nem feriram a ordem.
Eram os
políticos que se digladiavam e procuravam nos colocar como fiéis da balança. O
seu suicídio foi uma tragédia nacional, mas não foram os Militares de Ontem os
responsáveis pela grande desgraça.
A senhora permita-me ir
resumindo para não ficar longo. Veio Juscelino e as Forças Armadas garantiram a
posse, mesmo com pequenas divergências. Eram os políticos que queriam rasgar as
leis e ferir a ordem e não os Militares de Ontem. Nessa época, há o segundo
grande choque da esquerda. No XX Congresso do Partido Comunista da URSS (1956)
Kruchov coloca a nu a desgraça do stalinismo na URSS. Os intelectuais
esquerdistas ficam sem rumo.
Juscelino chega ao fim e
seu candidato perde para o senhor Jânio Quadros. Esperança da vassoura.
Desastre total. Não foram os Militares de Ontem que rasgaram a lei e feriram a
ordem. Quem declarou vago o cargo de Presidente foi o Congresso Nacional. A
Nação ficou ao Deus dará. Ameaça de guerra civil e os políticos tocando fogo no
País e as Forças Armadas divididas pelas paixões políticas, disseminadas pelas
"vivandeiras dos quartéis" como muito bem alcunhou Castello.
Parlamentarismo, volta ao
presidencialismo, aumento das paixões políticas, Prestes indo até Moscou
afirmando que já estavam no governo, faltando-lhes apenas o Poder. Os militares
calados e o chefe do Estado Maior do Exército (Castello) recomendando que a
cadeia de comando deveria ser mantida de qualquer maneira. A indisciplina
chegando e incentivada dentro dos Quartéis, não pelos Militares de Ontem e sim
pelos políticos de esquerda; e as vivandeiras tentando colocar o Exército na
luta política.
Revoltas de
Polícias Militares, revolta de sargentos em Brasília, indisciplina na Marinha,
comícios da Central e do Automóvel Clube representavam a desordem e o caos
contra a LEI e a ORDEM. Lacerda, Ademar de Barros, Magalhães Pinto e outros
governadores e políticos (todos civis) incentivavam o povo à revolta. As
marchas com Deus, pela Família e pela Liberdade (promovidas por mulheres)
representavam a angústia do País. Todo esse clima não foi produzido pelos
MILITARES DE ONTEM. Eles, contudo, sempre à escuta dos apelos do povo, pois
ELES são o povo em armas, para garantir as Leis e a Ordem.
Minas desce. Liderança
primeira de civil; era Magalhães Pinto. Era a contra-revolução que se impunha
para evitar que o Brasil soçobrasse ao comunismo. O governador Miguel Arraes
declarava em Recife, nas vésperas de 31 de março: haverá golpe. Não sabemos se
deles ou nosso. Não vamos ser hipócritas. A senhora, inteligente como é, deve
ter lido muitos livros que reportam a luta política daquela época (exemplos: A
Revolução Impossível de Luis Mir - Combates nas Trevas de Jacob Gorender -
Camaradas de William Waack - etc) sabe que a esquerda desejava implantar uma
ditadura de esquerda. Quem afirma é Jacob Gorender. Diz ele no seu livro:
"a luta armada começou a ser tentada pela esquerda em 1965 e desfechada em
definitiva a partir de 1968". Na há, em nenhuma parte do mundo, luta
armada em que se vão plantar rosas e é por essa razão que GORENDER afirma:
"se quiser compreendê-la na perspectiva da sua história, A ESQUERDA deve
assumir a violência que praticou". Violência gera violência.
Castello, Costa e Silva,
Médici, Geisel e João Figueiredo com seus erros e virtudes desenvolveram o
País. Não vamos perder tempo com isso. A senhora é uma economista e sabe bem
disso. Veio a ANISTIA. João Figueiredo dando murro na mesa e clamando que era
para todos; e Ulisses não desejando que Brizolla, Arraes e outros pudessem
tomar parte no novo processo eleitoral, para não lhe disputarem as chances de Poder.
João bateu o pé e todos tiveram direito, pois "lugar de Brasileiro é no
Brasil", como dizia. Não esquecer o terceiro choque sofrido pela a
esquerda: Queda do Muro de Berlim, que até hoje a nossa esquerda não sabe desse
fato histórico.
Diretas já. Sarney, Collor
com seu desastre, Itamar, FHC, LULA e chegamos aos dias atuais. Os Militares de
Hoje, silentes, que não são responsáveis pelas desgraças que vivemos
agora, mas sempre aguardando a voz do Povo. Não houve no passado, nem há, nos dias
de hoje, nenhum militar metido em roubo, compra de voto, CPI, dólar em cueca,
mensalões ou mensalinhos. Não há nenhum Delúbio, Zé Dirceu, José Genoíno, e que
tais. O que já se ouve, o que se escuta é o povo dizendo: SÓ OS MILITARES
PODERÃO SALVAR A NAÇÃO. Pois àquela época da "ditadura" era que se
era feliz e não se sabia...Mas os Militares de Hoje, como os de Ontem, não
querem ditadura, pois são formados democratas. E irão garantir a Lei e a
Ordem, sempre que preciso.
Os militares não irão às
ruas sem o povo ao seu lado. OS MILITARES DE HOJE SÃO OS MESMOS QUE OS
MILITARES DE ONTEM. A nossa desgraça é que políticos de hoje (olhe os PICARETAS
do Lula!) - as exceções justificando a regra - são ainda piores do que os de
ontem. São sem ética e sem moral, mas também despudorados. E o Brasil sofrendo,
não por conta dos MILITARES, mas de ALGUNS POLÍTICOS - uma corja de
canalhas, que rasgam as leis e criam as desordens.
Como sei que a senhora é uma
democrata, espero que publique esta carta no local onde a senhora escreve os
seus artigos, que os leio atenta e religiosamente, como se fossem uma Bíblia.
Perfeitos no campo econômico, mas não muitos católicos ou evangélicos no campo
político por uma razão muito simples: quando parece que a senhora tem o vírus de
uma reacionária de esquerda.
Atenciosa e respeitosamente,
GENERAL DE DIVISÃO REFORMADO DO EXÉRCITO FRANCISCO
BATISTA TORRES DE MELO.
(Um militar de ontem, que
respeita os militares de hoje, que
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quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Resposta do General Torres de Melo à carta da jornalista.
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