quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O CULTO ISRAELITA




O Dr. Nelson enfatiza em seu artigo "O culto Israelita", comenta que o antigo Israel conhecia um ano lunar de 12 meses, neste caso, com 29 ou 30 dias ou 354 dias. Entretanto, a cada dois ou três anos o ano lunar tinha que ser adaptado ao ano solar, sendo necessária a inclusão de um mês adicional no final do ano. O ano cultual, do hemisfério norte, em Israel iniciava na primavera. Portanto, o primeiro mês ia de meados de março a meados de abril. Entendendo assim, que cada mês iniciava com a lua nova, portanto, o início do mês em decorrência também o início do ano, não permanecia sempre no mesmo dia do ano solar. Por isso, o primeiro mês do ano cultual era chamado de Abibe, que em babilônico é Nisã. Além desse ano cultual havia o ano civil, Tishri. Compreende-se que o calendário israelita e judaico demarca as três festas de peregrinação desse povo, e pode ser visto em Êxodo 23.14-17 que está dentro do Código da Aliança, Êxodo 34.18 e 22 que está dentro do Decálogo Cultual, Deuteronômio 16. 1-17 que está dentro da Lei Deuteronômica, mais recente, Levítico 23 e Números 18 são mais recentes, pois contêm datas exatas das festas que, em textos mais antigos. Os textos mais antigos destacam três festas agrárias, em ordem cronológica como a festa dos ázimos, no início da colheita do cereal, na primavera, no início do ano cultual; a festa das semanas, no fim da colheita dos cereais, conhecida como sega, ceifa ou messe; estas se contam sete semanas ou 50 dias = “pentecostes”, da festa dos ázimos ou do início da colheita; e por último a festa das tendas ou tabernáculo, no fim da colheita das frutas, no outono, no início do ano civil. O interessante que as três festas mencionadas respeitam o ciclo de produção agrícola, isto é, os calendários de festas em Ex 23 e 34 ainda não mencionam a Páscoa, que é uma festa pastoril. Somente no livro de Deuteronômio  16 , que é um texto mais recente vincula a Páscoa com a festa dos ázimos, provavelmente por ambas caírem no início da primavera do hemisfério norte e no mesmo mês Abibe. As festas da semana tinham esse nome por causa da contagem de sete semanas a partir do início da colheita dos cereais (Dt 16.9). Era uma festa de agradecimento a Deus pelos frutos da terra. Devolve-se a Deus parte do que ele deu. E atualmente, o judaísmo, celebra também o recebimento da Torá, a lei de Deus dada a Moisés no monte Sinai. No cristianismo a festa preservou-se sob o nome de Pentecostes; ela lembra a vinda do Espírito Santo e o início da Igreja cristã. Já a festa dos Tabernáculos que era uma festa da colheita de frutas, isto é, colhia figos, tâmaras, azeitonas e uvas. Criaram-se costumes, durante a colheita habitar em tendas no momento da festa, que também lembrava o período de peregrinação do povo de Israel no deserto (Lv 23.42).  Mas não podemos esquecer que há outras festas como a do ano novo judaico, o dia do perdão ou expiação, o dia da alegria da lei, a festa da dedicação do templo, a festa do Purim e o sábado que não era nenhuma festa, mas um dia de descanso, porém, o Dr. Nelson enfatiza que em um “tempo santo” foi aceito como festa.  Em meio a tudo que foi mencionado podemos considerar em síntese quais os conteúdos positivos das festas, sacrifícios e do sábado para a comunidade cristã e a nossa vida? - Entendemos que as festas do povo de Israel nos permitem uma visão abrangente do pensamento, ritos e costumes desse povo, ou seja, a sua dedicação a Deus e forma de agradecimento, vinculando as suas crenças ao seu cotidiano e sua religiosidade. Por outro lado, temos elementos que foram aceito na sua forma mais interpretativa pelo cristianismo que entenderam que Jesus é o "cordeiro de Deus" que morreu "por nossos pecados", trazendo o perdão de Deus a todos os que nele crêem. Como já sabemos no Antigo Testamento há três sentidos para o sacrifício: agradecimento, comunhão e expiação. Como ato de agradecimento a Deus, a oferta ou sacrifício era, muitas vezes, entendido como devolução de parte do que Deus concedera ao seu povo. Ainda acrescentamos que o termo sacrifício mencionado no AT passa a ser utilizado pelo Novo Testamento e pela Igreja cristã com outro sentido. Pois, os sacrifícios se transformam em ofertas espirituais ou éticas (1 Pe 2.5; Rm 12.1; Tg 1.27; Fp 2.17; 4.18; Hb 13.15s). Os verdadeiros sacrifícios passam a ser hinos de louvor, jejum, esmolas e o martírio. De semelhante maneira os pais da Igreja também entendem os sacrifícios. A morte de Jesus Cristo foi entendida e aceita como sacrifício de expiação por nossos pecados (Rm 3.25s.; cf. Mc 10.45). Portanto, temos uma alusão clara à vítima sacrificada para expiar os pecados do povo no dia do perdão (Lv 16). Já no evangelho temos João Batista ao ver Jesus citar: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” (Jo 1.29). Tenhamos em mente que as comunidades cristãs do Novo Testamento nunca realizaram sacrifícios sangrentos. Para elas, a morte de Jesus representou o sacrifício definitivo, não mais sendo necessário qualquer outro sacrifício de nossa parte. Por isso, os elementos como holocaustos com sacrifícios se tornaram antiquados para a comunidade cristã e a sociedade moderna. O Escritor aos Hebreus deixa esse pensamento bem claro quando escreveu: “nem por sangue de bodes “e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”(Hebreus 9.12 a 14).

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