O Dr. Nelson enfatiza em seu artigo "O culto Israelita", comenta que o antigo Israel conhecia um ano
lunar de 12 meses, neste caso, com 29 ou 30 dias ou 354 dias. Entretanto, a
cada dois ou três anos o ano lunar tinha que ser adaptado ao ano solar, sendo
necessária a inclusão de um mês adicional no final do ano. O ano cultual, do
hemisfério norte, em Israel iniciava na primavera. Portanto, o primeiro mês ia
de meados de março a meados de abril. Entendendo assim, que cada mês iniciava
com a lua nova, portanto, o início do mês em decorrência também o início do
ano, não permanecia sempre no mesmo dia do ano solar. Por isso, o primeiro mês
do ano cultual era chamado de Abibe, que em babilônico é Nisã. Além desse ano
cultual havia o ano civil, Tishri. Compreende-se que o calendário israelita e
judaico demarca as três festas de peregrinação desse povo, e pode ser visto em Êxodo
23.14-17 que está dentro do Código da Aliança, Êxodo 34.18 e 22 que está dentro
do Decálogo Cultual, Deuteronômio 16. 1-17 que está dentro da Lei
Deuteronômica, mais recente, Levítico 23 e Números 18 são mais recentes, pois
contêm datas exatas das festas que, em textos mais antigos. Os textos mais
antigos destacam três festas agrárias, em ordem cronológica como a festa dos
ázimos, no início da colheita do cereal, na primavera, no início do ano cultual;
a festa das semanas, no fim da colheita dos cereais, conhecida como sega, ceifa
ou messe; estas se contam sete semanas ou 50 dias = “pentecostes”, da festa dos
ázimos ou do início da colheita; e por último a festa das tendas ou
tabernáculo, no fim da colheita das frutas, no outono, no início do ano civil.
O interessante que as três festas mencionadas respeitam o ciclo de produção
agrícola, isto é, os calendários de festas em Ex 23 e 34 ainda não mencionam a
Páscoa, que é uma festa pastoril. Somente no livro de Deuteronômio 16 , que é um texto mais recente vincula a
Páscoa com a festa dos ázimos, provavelmente por ambas caírem no início da
primavera do hemisfério norte e no mesmo mês Abibe. As festas da semana tinham
esse nome por causa da contagem de sete semanas a partir do início da colheita
dos cereais (Dt 16.9). Era uma festa de agradecimento a Deus pelos frutos da
terra. Devolve-se a Deus parte do que ele deu. E atualmente, o judaísmo, celebra
também o recebimento da Torá, a lei de Deus dada a Moisés no monte Sinai. No
cristianismo a festa preservou-se sob o nome de Pentecostes; ela lembra a vinda
do Espírito Santo e o início da Igreja cristã. Já a festa dos Tabernáculos que
era uma festa da colheita de frutas, isto é, colhia figos, tâmaras, azeitonas e
uvas. Criaram-se costumes, durante a colheita habitar em tendas no momento da
festa, que também lembrava o período de peregrinação do povo de Israel no
deserto (Lv 23.42). Mas não podemos
esquecer que há outras festas como a do ano novo judaico, o dia do perdão ou
expiação, o dia da alegria da lei, a festa da dedicação do templo, a festa do
Purim e o sábado que não era nenhuma festa, mas um dia de descanso, porém, o
Dr. Nelson enfatiza que em um “tempo santo” foi aceito como festa. Em meio a tudo que foi mencionado podemos
considerar em
síntese quais os conteúdos positivos das festas, sacrifícios e do sábado para a
comunidade cristã e a nossa vida? - Entendemos que as festas do povo de Israel
nos permitem uma visão abrangente do pensamento, ritos e costumes desse povo,
ou seja, a sua dedicação a Deus e forma de agradecimento, vinculando as suas
crenças ao seu cotidiano e sua religiosidade. Por outro lado, temos elementos
que foram aceito na sua forma mais interpretativa pelo cristianismo que entenderam que Jesus
é o "cordeiro de Deus" que morreu "por nossos pecados",
trazendo o perdão de Deus a todos os que nele crêem. Como já sabemos no Antigo
Testamento há três sentidos para o sacrifício: agradecimento, comunhão e
expiação. Como ato de agradecimento a Deus, a oferta ou sacrifício era, muitas
vezes, entendido como devolução de parte do que Deus concedera ao seu povo. Ainda
acrescentamos que o termo sacrifício mencionado no AT passa a ser utilizado
pelo Novo Testamento e pela Igreja cristã com outro sentido. Pois, os
sacrifícios se transformam em ofertas espirituais ou éticas (1 Pe 2.5; Rm 12.1;
Tg 1.27; Fp 2.17; 4.18; Hb 13.15s). Os verdadeiros sacrifícios passam a ser
hinos de louvor, jejum, esmolas e o martírio. De semelhante maneira os pais da
Igreja também entendem os sacrifícios. A morte de Jesus Cristo foi entendida e
aceita como sacrifício de expiação por nossos pecados (Rm 3.25s.; cf. Mc
10.45). Portanto, temos uma alusão clara à vítima sacrificada para expiar os
pecados do povo no dia do perdão (Lv 16). Já no evangelho temos João Batista ao
ver Jesus citar: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.” (Jo 1.29).
Tenhamos em mente
que as comunidades cristãs do Novo Testamento nunca realizaram sacrifícios
sangrentos. Para elas, a morte de Jesus representou o sacrifício definitivo,
não mais sendo necessário qualquer outro sacrifício de nossa parte. Por isso, os
elementos como holocaustos com sacrifícios se tornaram antiquados para
a comunidade cristã e a sociedade moderna. O Escritor aos Hebreus deixa esse
pensamento bem claro quando escreveu: “nem por sangue de bodes “e bezerros, mas
por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma
eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma
novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da
carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a
si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas,
para servirdes ao Deus vivo?”(Hebreus 9.12 a 14).
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