“Assim, pois, o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos
nos pés, e o vosso cajado na mão; e comereis apressadamente; esta é a páscoa do
Senhor”. (Êxodo 12.11).
É bom termos em mente que a festa da páscoa tem sua origem marcada pelo
sacrificio de um cordeiro perfeito, portanto, era festa pastoril (chag há
Passach). O cordeiro servia de refeição festiva para familia. Já para
estudiosos da história de Israel também era uma festa agricola, (Chag há
Matzoit) marcada pela chegada da primavera e da primeira colheita do ano.
Destaca a renovação da natureza, do homem e da nação. No seu contexto histórico essa
festa é um marco na vida do povo de Israel. Pois, quando partiram do Egito
aproximadamente em 1290 a 1445 a. C. o povo hebreu, que até nos tempos modernos
é conhecidos como judeus, passara celebrar a Páscoa todos os anos, na primavera
no período que fica perto da sexta feira santa. É importante enfatizar que os
descendentes de Abraão, Isaque e Jacó viveram mais de quatrocentos anos de
servidão no Egito, no entanto, o Eterno decidiu trazer a libertação por
intermédio de Moisés (Êxodo 3.1-22 e 4.1-31). Em obediência as ordens do
Senhor, Moisés foi diante de Faraó e lhe transmitiu a mensagem de Deus: -
“deixa ir o meu povo.” Assim, com autoridade divina e muita unção Moisés
conscientiza o líder do Egito e invocou pragas como um juízo contra as terras
do Egito. No decorrer de várias dessas pragas, Faraó concordava em deixar o
povo ir, mas, a seguir, voltava atrás, uma vez a praga sustada. Soou a hora da
décima e derradeira praga, aquela que não deixaria aos egípcios nenhuma
alternativa senão a de lançar fora os israelitas. Deus mandou um anjo
destruidor através da terra do Egito para eliminar "todo primogênito...
desde os homens até aos animais" (12.12). Visto que os israelitas também
habitavam no Egito, como poderiam escapar do anjo destruidor? O Senhor emitiu
uma ordem específica ao seu povo; a obediência a essa ordem traria a proteção
divina a cada família dos hebreus, com seus respectivos primogênitos. Cada
família tinha de tomar um cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito e
sacrificá-lo ao entardecer do dia quatorze do mês de Abibe; famílias menores
podiam repartir um único cordeiro entre si (12.4). Parte do sangue do cordeiro
sacrificado, os israelitas deviam aspergir nas duas ombreiras e na verga da
porta de cada casa. Quando o destruidor passasse por aquela terra, ele passaria
por cima daquelas casas que tivessem o sangue aspergido sobre elas (daí o termo
Páscoa, do hb. Pesah, que significa "pular além da marca",
"passar por cima", ou "poupar"). Assim, pelo sangue do
cordeiro morto, os israelitas foram protegidos da condenação à morte executada
contra todos os primogênitos egípcios. Deus ordenou o sinal do sangue, não
porque Ele não tivesse outra forma de distinguir os israelitas dos egípcios,
mas porque queria ensinar ao seu povo a importância da obediência e da redenção
pelo sangue, preparando-o para o advento do "Cordeiro de Deus”, que
séculos mais tarde tiraria o pecado do mundo (Jo 1.29). Naquela noite
específica, os israelitas deviam estar vestidos e preparados para viajar
(12.11). A ordem recebida era para assar' o cordeiro e não fervê-lo, e preparar
ervas amargas e pães sem fermento. Ao anoitecer, portanto, estariam prontos
para a refeição ordenada e para partir apressadamente, momento em que 'os
egípcios iam se aproximar e rogar que deixassem o país. Tudo aconteceu conforme
o Senhor dissera (12.29-36). A partir daquele momento da história, o povo de
Deus ia celebrar a Páscoa toda primavera, obedecendo às instruções divinas de
que aquela celebração seria "estatuto perpétuo" (12.14). Era, porém,
um sacrifício comemorativo, exceto o sacrifício inicial no Egito, que foi um
sacrifício eficaz. Antes da construção do templo, em cada Páscoa os israelitas
reuniam-se segundo suas famílias, sacrificavam um cordeiro, retiravam todo
fermento de suas casas e comiam ervas amargas. Mais importante: recontavam a
história de como seus ancestrais experimentaram o êxodo milagroso na terra do
Egito e sua libertação da escravidão ao Faraó. Assim, de geração em geração, o
povo hebreu relembrava a redenção divina e seu livramento do Egito (Êxodo
12.26). Uma vez construído o templo, Deus ordenou que a celebração da Páscoa e
o sacrifício do cordeiro fossem realizados em Jerusalém (Dt 16.1-6). O AT
registra várias ocasiões em que uma Páscoa especialmente relevante foi
celebrada na cidade santa (2 Cr 30.1-20; 35.1-19; 2 Rs 23.2l-23;.Ed 6.19-22) .
Nos tempos do NT, os judeus observavam a Páscoa da mesma maneira. O único
incidente na, ida de Jesus como menino, que as Escrituras registram; foi quando
seus pais o levaram a Jerusalém, aos doze anos de idade; para a celebração da
Páscoa (Lc 2.41-50). Posteriormente, Jesus ia cada ano a Jerusalém para
participar da Páscoa (Jo 2.13). A última Ceia de que Jesus participou com os
seus discípulos em Jerusalém, pouco antes da cruz, foi uma refeição da Páscoa
(Mt 26.1,2, 17-29). O próprio Jesus foi crucificado na Páscoa, como o Cordeiro
pascoal (cf. 1 Co 5.7) que liberta do pecado e da morte todos aqueles que nEle
crêem. Os judeus hoje continuam celebrando a Páscoa, embora seu modo de
celebrá-la tenha mudado um pouco. Pois, em Jerusalém não tem um templo para se
sacrificar o cordeiro em obediência à lei Dt 16.1-6, a festa judaica
contemporânea, também chamada em hebraico Seder, já não é celebrada com
o cordeiro assado. Mas as famílias ainda se reúnem para a solenidade.
Retiram-se cerimonialmente das casas judaicas, e o pai da família narra toda a
história do êxodo. Mas para os cristãos a pascoa é Jesus Cristo, pois tem
simbolismo, e o Novo Testamento deixa claro que as festas em Israel são de fato
sobras das coisas futuras (Cl 2.16,17; Hb 10.1), entendemos que a redenção é
pelo sangue de Cristo Jesus; notemos que em êxodo 12, lembra-nos do nosso
salvador e do maravilhoso propósito para com homens. A Páscoa tem em sua
essência a graça de Deus, ou seja, o Eterno tirou o seu povo do Egito com braço
forte, pois os amava e foi fiel ao concerto que fez com eles (Dt 7.7-10).
Portanto, a salvação que alcançamos de Cristo foi meio da graça (Ef 2.8-10; Tt
3.4,5). Quanto ao sangue colocado nas vergas da porta tinha como
finalidade salvar da morte os primogênitos de cada família, por isso, temos o
poder do sangue de Jesus contra o efeito do pecado (Êxodo 12.13,23, 27; Hb
9.22). O cordeiro sacrificado na Páscoa servia como substituto dos primogênitos
(Êxodo 12.27), simbolizando a morte de Jesus em substituição do crente (Rm
3.25). Por isso, o Apóstolo Paulo chama Cristo de Cordeiro Pascoal (1 Co 5.7).
Sendo o cordeiro macho e sem mancha (Êxodo 12.5); mostrando Cristo, o perfeito
filho de Deus (Jo 8.46; Hb 4.15). Já o ato de alimentar-se do cordeiro mostra a
identificação de Israel com a morte do cordeiro, que por fim salvou os
primogênitos da morte física (1 Co 10.16,17; 11.24-26). Atualmente realizamos
tal ato com a instituição da Ceia do Senhor que se tornou um memorial (1 Co
11.24), ou seja, com morte e ressurreição de nosso Senhor vemos claramente o
cumprimento das Escrituras. É importante mencionar que uma vez feito a aspersão
do sangue nas vergas das portas era efetuada com fé obediente (Êxodo 12.8; Hb
11.28). Portanto, a obediência em fé resulta em redenção pelo sangue (Êxodo
12.7,13), compare ainda com (Rm 1.5;16.26). Não podemos esquecer que o cordeiro
teria de ser comido com pães azmos (Êxodo 12.8), tendo em vista que
biblicamente o fermento simbolizava o pecado e a corrupção (Êxodo 12.37; Mt
16.6; Mc 8.15), então os pães simbolizavam a separação entre Israel remido e o
Egito, ou seja, o pecado e o mundo (Êxodo 12.15). Entendemos que, o Israel
remido pelo Senhor é convocado para separar-se do mundo pecaminoso e voltar-se
somente para o Senhor.
Que Deus por sua infinita
misericórdia continue a derramar sua benção sobre nós!
Pr. Josué de Asevedo Soares.
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