Estes dias ouvi a seguinte afirmação “Não somos juízes,
somos pastores” uma frase que me fez refletir. A frase tinha um tom de
equilíbrio, mas trouxe em minha mente alguns questionamentos. Será que de fato
não podemos julgar alguém? Será que o julgamento de um juiz no sentido legal
dessa palavra tem a ver com o julgamento que fazemos das pessoas, será que não
estamos fazendo confusão entre julgamento e condenação ou até que ponto a
Bíblia nos admoesta a não julgar? – penso que é necessário maior cuidado com
aquilo que falamos sem conhecimento de causa. Hoje as heresias têm crescido no
meio evangélico por meio de frases de efeitos, que não tem qualquer base
bíblica.
É importante enfatizar que nos tempos Bíblicos vemos que
havia sacerdote e ele determinava se alguém estava limpo ou imundo segundo a
lei e orientação divina. Posteriormente, veio o tempo dos juízes de Israel e
mesmo assim, havia a presença do sacerdote e concernente o que é santo, era o
sacerdote que determinava em conformidade com os mandamentos o que era sagrado
ou profano. Além disso, podemos acrescentar a presença dos profetas e por meio
das profecias determinava aquilo que o Eterno ordenava aos homens. Havia também
casos que os profetas acusavam as autoridades de seu tempo pelo modo como vivia
que, desagradava tanto a Deus e pela forma como usurpava o povo. Portanto, é
necessário que façamos distinção entre julgamento legal, condenação e
julgamento no sentido de juízo e razão que estão ligados ao nosso dia-a-dia.
Por exemplo: quando você escolhe a sua roupa ou sapato você faz um tipo de
juízo que determinará a sua escolha, mas quando você diz que aquela pessoa esta
bonita você faz um julgamento ou quando você corrige o seu filho faz outro tipo
de julgamento. Portanto, é necessário não ver o julgamento dessas pessoas, como
um juiz vestido com uma toga e sentado em uma cadeira e batendo o martelo e
condenando. - São coisas diferentes! Será que não estamos utilizando o chamado
politicamente correto nas igrejas. Mas, aí vem a questão dos versículos
bíblicos que alguém quer se apoiar como: “Não julgueis para que não sejais
julgado” (Mt 7.1) ou "Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala
contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando
você julga a Lei, não está a cumprindo, mas está se colocando como juiz. Há
apenas um Legislador e juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você
para julgar o próximo" (Tg 2.11,12). Mais devo enfatizar que devemos
aplicar princípios da hermenêutica, ou seja, interpretar e estudar o texto
bíblico. O comentário da Bíblia de Jerusalém é que a palavra “julgamento”, aqui
tem o sentido de condenação. Portanto, a condenação pertence somente a Deus,
que é autor da lei, entretanto, é necessário que aqueles que conhecem os
mandamentos de Deus, sejam de fato praticantes (Tg 4.11-12; 5,9; Sl 9.9). è bem
verdade que Deus sancionará a prática da Lei (Tg 1.25; 2.8), condensada na
misericórdia.
Pesquisando na internet encontrei um texto interessante
no blog Bereianos que julguei que deveria mencioná-lo na íntegra, pois de fato
nos ajudará no tema que em voga que estamos comentando.
"O que mais se vê nestes
“últimos dias” são heresias pregadas em muitas igrejas por aí. A cada dia
ficamos mais indignados com tamanha distorção Bíblica, o Evangelho genuíno está
sendo deixado de lado e sendo trocado por uma “teologia popular” voltada ao
misticismo, aos modismos, as falsificações bíblicas e fetiches populares.
Apóstolos, pai-póstolos, gurus gospel tem surgido por aí
trazendo um "outro evangelho". A palavra de Deus em sua essência é
trocada por modismos, por hierarquias eclesiásticas, por dinheiro e por
interesses particulares destes "super crentes". São tantos "shofás
proféticos" que não agüento mais tanta barulheira.
É tanto "mantra gospel" que meus ouvidos já
estão estourando, é tanto ré-plé-plé que meu senso de racionalidade clama por
socorro! Quebra de maldições hereditárias onde o crente nunca se converte de
verdade, seções de descarrego, sabonetes de arruda, rosa ungida, sal grosso...
É tanto "copo d'água consagrado" que dá até vontade de ir ao
banheiro. Unções especiais, urros, gritos, histerias, regressões, encontros
tremendos, etc. Diante de tudo isso, muitos Cristãos infelizmente tem se
calado, pois existe um conceito errado de que não devemos julgar nada, que não
é o nosso papel estar julgando o que ocorre com est as pessoas, principalmente
se vai falar de algum “líder” que esteja em um comportamento que vai contra as
escrituras. Resumindo, querem nos calar mesmo!
Já não bastasse a perseguição contra os Cristãos que hoje
em dia ocorre em muitos lugares no mundo, inclusive no Brasil, ainda temos que
agüentar a distorção bíblica de que jamais deveremos abrir a boca de pastor x,
apóstolo y, pois são os "ungidos de Deus". Nestes ninguém fala, até
Davi foi repreendido pelo profeta Natan, mas estes líderes contemporâneos não
podem ser repreendidos por algum erro ou heresia. É proibido pensar, é proibido
julgar! Muitas mentes estão sendo cauterizadas por esta "nova
doutrina".
Existem algumas passagens Bíblicas que muitos Cristãos
têm interpretado erroneamente a respeito de julgamento. Meu compromisso nesta
postagem é desmistificar e esclarecer ao Povo de Deus de que não devemos nos
calar jamais, pelo contrário, devemos por obrigação exortar e lutar pelo
Evangelho genuíno de Cristo, afinal, quem ama luta pela verdade, pois "O
amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade". (1 Co
13:6).
“Não julgueis, para que não sejais julgados.” Mateus
7:1Em primeiro lugar deixo claro que aqui JESUS claramente proíbe o julgamento.
Mas a grande questão é se JESUS proíbe qualquer julgamento ou somente certo
tipo de julgamento. O versículo 1 por si mesmo não nos dá uma resposta para
esta pergunta. Por isso temos que aplicar uma regra fundamental para poder
interpretar a Bíblia. Analisar sempre o contexto da passagem citada para poder
saber de que se trata a mesma, pois sabemos que texto fora de contexto é um
pré-texto para formar até mesmo uma heresia.
Para sabermos de que tipo de Julgamento JESUS proibiu
nesta passagem vamos analisar o contexto: “Pois, com o critério com que
julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão
também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na
trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o
argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hip� �crita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para
tirar o argueiro do olho de teu irmão”
Mt 7:2-5 Analisando o contexto podemos ver claramente que JESUS
proíbe especificamente o “julgamento hipócrita”. Jesus diz aos judeus no
versículo 1 que eles não devem julgar. No versículo 2, ele dá a razão pela qual
eles não devem julgar: o padrão que eles usam para julgar os outros será o
mesmo padrão que os outros usarão para julgá-los. Eles não devem ignora r seus
próprios pecados, enquanto condenando os mesmos pecados nos outros. Fazer isto
é julgar com um “padrão Duplo”, ou seja, julgar hipocritamente. Não é hipócrita
condenar o irmão por uma pequena falta, ou mesmo tentar ajudá-lo a
sobrepujá-la, quando você mesmo é culpado de uma falta maior? Esta é a grande
questão que JESUS estava colocando diante do povo nesta passagem. (...)
Mateus 7:1, de acordo com o seu contexto, não proíbe todo
julgamento e intolerância, mas somente o julgamento e intolerância hipócrita.
De fato, ele requer de nós que, após nos arrependermos dos nossos próprios
pecados, condenemos o pecado do irmão como pecado, e ajudemo-lo a se voltar
dele.“tira primeiro a trave do teu olho”, diz Jesus, “e então, verás claramente
para tirar o argueiro do olho de teu irmão”. Mt 7.5 Jesus ordena uma
intolerância genuína, e não hipócrita, do pecado que o irmão comete.
Outra passagem bastante utilizada é João 8:7-11. O
contexto é a história da mulher que foi pega no próprio ato de adultério e
trazida a Jesus pelos escribas e fariseus. No versículo 7, Jesus diz aos
escribas e fariseus: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro
que lhe atire pedra”. No versículo 11 ele fala para a mulher: “Nem eu tampouco
te condeno; vai e não peques mais”. Os defensores da tolerância usam estas
palavras para argumentar que ninguém deveria condenar outras pessoas, pois não
é melhor que elas. Entendamos por ora que, quando alguém julga, ela dá um
veredicto: Culpado ou inocente. Após ser julgada, a pessoa é sentenciada: A
pessoa culpada é condenada (sentenciada ao castigo) e a inocente é
liberta. O ponto é que julgar e condenar são duas coisas distintas,
relacionadas, mas não idênticas. Tendo isso em mente, note que Jesus de
fato julga esta mulher, mas não a condena. Ao dizer-lhe “vai e não peques
mais”, Jesus indica que ela tinha pecado. Em si mesma, a acusação dos fariseus
estava correta, e Jesus julgou o pecado como sendo pecado.
Isto mostra intolerância pela ação pecaminosa! Seguindo o
exemplo de Jesus, devemos dizer aos pecadores que mostrem arrependimento
genuíno não mais cometendo pecado. Embora Jesus tenha julgado a mulher, ele não
a condenou. Ela pode ir embora: ela não foi executada. O evangelho para o
pecador penitente é: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão
em Cristo Jesus.” Rm 8:1 Esta é a mensagem que Jesus dá à mulher; o próprio
Jesus foi condenado por ela! Ele suportou o castigo que lhe era devido, para
que ela pudesse ser livre!
A resposta de Jesus aos fariseus expõe o julgamento
hipócrita deles no assunto (o propósito primário deles, certamente, não tinha
nada a ver com a mulher; era pegar Jesus em suas próprias palavras. Todavia,
Jesus sabia que os fariseus se orgulhavam da justiça própria deles, e respondeu
à luz deste fato).
Os fariseus, Jesus recorda-os, também eram culpados de
pecado, e especificamente de adultério, quer físico ou no coração. Porque
também não eram livres de pecado, também eram dignos de morte como ela. Assim,
ao desejar saber que julgamento ela deveria ter recebido, eles revelaram sua
própria hipocrisia e motivação errônea. João 8:7 e 11 nos ensinam como tratar
os que pecam. O versículo 11 diz que devemos desejar o arrependimento do
pecador; o versículo 7 nos ensina que não devemos fazer isso hipocritamente,
nem com motivos errôneos ou de uma maneira imprópria. Contudo, a passagem não
quer dizer que nunca devemos co nsiderar as pessoas responsáveis por seus
pecados (isto é, julgar o pecado como sendo pecado).
Agora gostaria de colocar as passagens Bíblicas que
nos ordenam julgar.
João
7.24 “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”.Outras
passagens na Escritura nos ordenam positivamente a julgar. Uma passagem que nos
diz isso claramente é esta citada acima. Ela se encontra no contexto da
discussão de Jesus com os judeus que questionaram sua doutrina, e tinham-no
acusado de ter um diabo (Jo 7:20) e de quebrar o dia do Sábado curando um homem
(Jo 5:1-16). A eles Jesus diz: “Não julgueis seg undo a aparência, e sim pela
reta justiça”. Ao dizer “não julgueis”, Jesus não pretende proibir o julgamento
como tal, mas proibir certo tipo de julgamento, como a parte positiva deste
versículo deixa claro. Podemos julgar, mas quando o fizermos, devemos julgar
justamente. O julgamento exterior e superficial – isto é, julgar simplesmente
sobre base do que parece ser o caso, sem conhecer todos os fatos – é um
julgamento imprudente, injusto e sem discernimento, que é contrário ao nono
mandamento da lei de Deus. Deus odeia tal julgamento. O Julgamento justo é
feito usando a lei de Deus como o padrão pelo qual discernimos se o que parece
ser é o caso é realmente o caso.
Em 1 Coríntios 5 é um capítulo importante com
respeito ao dever positivo de julgar. Primeiro, no versículo 3 Paulo declara,
sob a inspiração do Espírito, que ele tinha julgado um membro da igreja em
Corinto que estava vivendo no pecado da fornicação. Seu julgamento foi “seja
entregue [tal pessoa] a Satanás para destruição da carne, para que o espírito
seja salvo no Dia do Senhor Jesus”. Este é um julgamento ousado da sua parte.
Segundo, nos versículos 9-13, Paulo lembra aos santos do seu dever de julgar as
pessoas que estão dentro da igreja, quanto ao fato destes estarem, ou não,
obedecendo a lei de Deus. Aqueles que alegam ser cristãos e são membros da
igreja, mas que são julgados como sendo impenitentemente desobedientes a
qualquer mandamento da lei de Deus (vs 9-10), devem ser excluídos da comunhão
da Igreja. Paulo, sob a inspiração do Espírito, diz para a igreja não tolerar
pecadores impertinentes!
Outras passagens: Outras passagens também indicam
que é nossa responsabilidade julgar. Jesus pergunta às pessoas em Lucas 12:57:
“E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?”. Jesus repreende
os escribas e fariseus em Mateus 23:23 e Lucas 11:23, dizendo: “Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e
do cominho e desprezais o mais importante da lei , o juízo, a misericórdia e a
fé; deveis, porém fazer essas coisas e não omitir aquelas”. Era o dever deles,
de acordo com a lei, julgar – mas eles tinham falhado neste dever. Paulo orou
para que o amor dos irmãos filipenses “aumentasse mais e mais em pleno
conhecimento e toda a percepção”. (Fl 1:9). Ele diz aos de Corintos: “Falo como
a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo”. (1 Co 1:15).Os cristãos são
solicitados a examinar tudo e reter o bem (1 Ts 5:21). Eles também são
obrigados a provar se os espíritos são de Deus: "Irmãos, não deis crédito
a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque
muitos falsos profetas tem saído pelo mundo afora." (1 Jo 4:1)Mesmo nas
reuniões cristãs eles devem "julgar" o que ouvem: "Tratando-se
de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem." (1 Co
14:29).Os Crentes de Corinto receberam ordens para julgar imediatamente a
imoralidade existente entre os seus membros (1 Co 5:1-8). Mesmo o estrangeiro
de passagem não deve ser hospedado se for verificado que não se trata de uma
pessoa alicerçada na verdadeira fé (2 Jo 10,11). E um anátema (maldição) deve
ser proferido contra aqueles que apresentarem um tipo diferente de evangelho
(Gl 1:9). Conclusão Algumas passagens da Escritura parecem proibir o
julgamento, enquanto outras claramente exigem isso. Estudando os contextos
daquelas que parecem proibir o julgamento, descobrimos que o que é proibido não
é realmente o julgamento em si, mas sim um tipo errôneo de julgamento. Deus
odeia o julgamento hipócrita! Mas Deus ama o julgamento justo da parte dos seus
filhos.
Portanto, é dever de todo Cristão julgar! “Irmãos, se alguém for surpreendido
nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e
guarda-te para que não sejas também tentado.” Gl 6:1“Prega a palavra, insta,
quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade
e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina, pelo
contrário, cercar-s e-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que
sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade,
entregando-se a fábulas.” 2 Tm 4:2-3"
Pr. Josué de Asevedo Soares
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