terça-feira, 20 de outubro de 2020

A DESCIDA DO ESPIRITO SANTO, E AS LINGUAS REPARTIDAS Atos 2.1-47


O capítulo 2 do livro de Atos dos Apóstolos é compreendido pelos teólogos pentecostais como sendo a inauguração da Igreja do Senhor, tendo em vista que a igreja foi criada na mente de Deus. O fato marcante para esse novo tempo dos apóstolos e da Igreja tem muito a ver com as promessas verberadas por Cristo em João 14.16, 26 “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre. (...) Mas, aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”, portanto, vemos Jesus prometendo a presença do Espírito Santo. Parece-me que todos os evangélicos concordam que a Igreja se desenvolve e cresce pela ação do Espírito. Por outro lado, quando se deparam com Atos 2.1-47 vemos muitas interpretações e achismo relativo à passagem em referência, além de variadas traduções que hoje estão sendo publicada sem qualquer preocupação com a escrita da língua original. Entendemos ser importante atentarmos para aquilo que a Bíblia de fato enfatiza no registro do livro de Atos. 
É importante lembrar que o presente artigo objetiva enfocar a descida do Espírito Santo, e as línguas repartidas em Atos 2.1-47. Esse acontecimento ocorreu em cumprimento às palavras de João Batista sobre o batismo com o Espírito Santo e com fogo em Lc 3.16 está escrito “respondeu João a todos dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias; este vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. É bem verdade que a primeira promessa do batismo com ou no Espírito Santo encontra-se escrito no Antigo Testamento no livro de Provérbios 1.23 assim está escrito: “Convertei-vos pela minha repreensão; eis que abundantemente derramarei sobre vós o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras”. Logo após, temos o registro do livro de Joel 2.28. Entretanto, é importante discorrer sobre a palavra batismo e as possíveis formas de batismo mencionadas nas Escrituras, além daqueles que foram estabelecidos ao longo da história.  
A Palavra Batismo é a transliteração do grego "βαπτισμω" (baptismō) para o latim (baptismus), conforme se vê na Vulgata em Colossenses 2.12. Este substantivo também se apresenta como "βαπτισμα" (baptisma) e "βαπτισμός" (baptismós), sendo derivado do verbo "βαπτίζω" (baptizō), o qual pode ser traduzido por "batizar", "imergir", "banhar", "lavar", "derramar", "cobrir" ou "tingir", conforme utilizado no NovoTestamento e na Septuaginta. 
É importante mencionar que na interpretação das Assembleias de Deus há o batismo do arrependimento, que neste caso o batismo nas águas (Mt 3.11; Mc 1.8) também conhecido de batismo pelo Espírito Santo, ou seja, o batismo como ser inserido no corpo de Cristo (1 Co 12.13), que ocorre quando a pessoa reconhece o Senhor Jesus como Senhor e Salvador e  o Batismo com a evidencia de falar em línguas estranhas (Atos 1.4; 2.4; 8.14-17), conhecido batismo com ou no Espírito Santo. Mas, que é questionada por um grupo que, afirmam não ser a única evidência para o batismo com o Espírito Santo. Parece-nos que a questão toda está sobre a palavra “evidência”, ou seja, aquilo que pode ser visto ou identificado. Porém, faz-se necessário, informar que para os pentecostais é possível que haja mais de um batismo promovido pelo Espirito Santo como já foi mencionada acima, entretanto, a manifestação das línguas estranhas é um revestimento de poder para melhor desenvolvimento da obra do Senhor, e não pode ser qualificada para salvação, pois quem salva é Jesus mediante ao arrependimento do homem. 
Na teologia Assembleiana os discípulos eram servos de Deus, nascidos de novo,  muito antes do dia de Pentecostes, depois da sua ressurreição vemos que em João 20.22 está escrito: “soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”.  Vemos também que Jesus havia ordenado aos seus discípulos que “não se retirassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai” (Atos 1.4).  Está clara a obediência dos discípulos as palavras do Mestre e esperaram em Jerusalém a manifestação do Espírito Santo que veio sobre eles de modo que foram capacitados para a obra grandiosa do evangelho. Outro fato marcante foi que no dia de Pentecostes “foram vista línguas repartidas como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (Atos 2.3). E no versículo seguinte registra-se “todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito Santo concedia que falassem” (Atos 2.4). Aqui fica claro que eles receberam o batismo “com ou “no” Espírito Santo. Embora os discípulos fossem convertido e nascido de novo antes do dia de Pentecostes, nesse dia eles foram visitados pelo Espírito Santo (Atos 1.5; 11.16). Tal evento ocorre após a conversão e que todos foram revestidos para a obra do Senhor. Os cristãos nos dias atuais devem seguir os passos da igreja dos tempos bíblicos, devem pedir a Jesus um “batismo no Espírito Santo”, pois agindo assim, terá muito mais poder para realizar esta maravilhosa missão que Cristo outorgou. Portanto, compreende-se que primeiro nascemos de novo e posteriormente são batizados no Espírito Santo, neste caso em falar em outras línguas. A Palavra de Deus corrobora possivelmente com este principio, pois no Livro de Atos 8, vemos que os habitantes de Samaria primeiro se convertem a Cristo, pois “deram crédito a evangelização de  Filipe, quando vos a anunciava o Reino de Deus (Atos 8.12), somente mais tarde foram batizado com Espírito Santo, quando Pedro e João oraram por Eles (Atos 8.14-17). Vemos também em Atos 19.1 Paulo chegou a Éfeso e encontrou “alguns discípulos”. Mas, “impondo-lhes as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam” (Atos 19.6). 
Entendemos que a Escrituras é um todo que se completa, e, que precisamos lê-la com muito cuidado, para não fazermos interpretações pessoais e buscar informações com apoio de uma boa exegese.  
Em 1 Coríntios 12.13 temos a frase paulina: “todos nos fomos batizados em um Espírito’ significa que cada um de nós crentes em Cristo Jesus temos o mesmo Espírito Santo, ou seja, neste caso temos o batismo pelo Espírito Santo como ser  inserido no corpo de Cristo, tal situação acontece quando o Espírito fala ao coração do pecador e o mesmo reconhece Jesus como seu único salvador (João 17.11-11), em 1 Coríntios 12.13 há batismo de inclusão no corpo de Cristo, quem é o batizador é o próprio Espírito Santo. Em  1 Coríntios 10.2  está escrito “e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar”, neste versículo, a palavra   "βαπτίζω"  (baptidzõ) significa  “ser identificado com”. No êxodo do Egito, o povo de Israel  se identificaram com a obra e os propósitos da liderança de Moisés. Portanto, tal batismo figura que representa a submissão a Moisés como o homem usado por Deus para libertar  e liderar, assim como o batismo dos crentes no Novo Testamento representa a submissão do cristão ao pessoa de Cristo reconhecendo publicamente  como Salvador. Mas, Paulo escrevendo aos Romanos 6.3 temos o seguinte registro “ Ou sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?”. S.E.MacNair explica: “batizados em Jesus Cristo”, a semelhante à expressão: “batizados em Moisés”. Segundo ele em ambos os casos a preposição grega é “eis”, significando, geralmente, “para dentro, a”, com a ideia de movimento. Assim podemos melhor traduzir “a Cristo”, “a Moisés”, ou, parafraseando, “todos quantos fomos batizados para nos unir a Cristo, fomos batizados para nos unir na sua morte”. Sendo assim, no batismo, na nuvem, e no mar o povo de Israel foi identificado com Moisés, o capitão da salvação de Israel; semelhante, a pessoa que recebe o batismo cristão, passando a ser de fato um discípulo de Cristo, o nosso salvador. 
Na epístola aos Romanos 6.1-23 vemos como o Apóstolo Paulo comenta sobre ser livre do pecado, possivelmente está enfocando sobre a graça, mas também sobre o batismo nas águas, indicando o batismo como um sepultamento, pois ler-se no versículo 4 “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida”.  Paulo ainda é objetivo em afirmar que o velho homem foi crucificado para que o corpo do pecado seja desfeito (Rm 6.6). Alguém na tentativa de utilizar esta passagem de Romanos 6.1-23, se referindo ao batismo com o Espírito Santo, se engana fazendo uma interpretação ou explicação critica do texto que não menciona especificamente e nem indiretamente, pois Paulo é enfático em afirmar que  “... que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte?  É possível que descreva a posição do crente diante de Deus, mas está falando de mudança de vida, ou seja, a pessoa convertida que deixou as velhas práticas, vivendo em Cristo uma nova vida, ou seja,  a pessoa morreu para o pecado e vive para Deus (Rm 6.10). 
É importante deixar claro que não se pode negar o que ocorreu em Atos 2.1-13, o sobrenatural de Deus, ou seja, era evidente que o ocorrido foi de origem divina, pois houve a manifestação das línguas repartidas como que de fogo, segundo o relato de Atos dos Apóstolos e de repente veio do céu um som como de um vento muito forte, isso para explicar que foi algo promovido por Deus. Em Atos 1.5 está escrito “Porque na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”. Em Atos 1.8ª “Mas recebereis a virtude do Espirito Santo, que há de vir sobre vós...”.
 Por outro lado, há também o questionamento por que aqueles que discordam afirmando que os quase 120 falaram apenas em outro idioma, pois foram aquelas línguas entendida pela multidão que ali estava presente, pois havia em Jerusalém naquele tempo pessoas de todas as nações, isto dentro do contexto daquela época e cada um ouvia falar em sua própria língua das grandezas de Deus (Atos 2.5,6, 11). É importante ler o texto com cuidado.  Compreendemos que os discípulos presente foram cheio do Espirito Santo (Atos 2.4), começaram a falar em outras línguas (Atos 2.4), conforme o Espirito Santo lhes concedia (Atos 2.4), vemos uma declaração de Lucas quando informa que em Jerusalém, residiam judeus, varões religiosos de todas as nações, do mundo daquele tempo (Atos 2.5), ouvindo estes “o som” ou “correndo aquela voz”, como descreve a versão corrigida, a multidão se ajuntou confusa! Por que aquela multidão e não os discípulos? Mas, multidão estava confusa, afirma o texto. Porque cada um os ouvia falar na sua própria língua (Atos 2.6). A multidão que pasmava ao mesmo tempo se maravilha, pois sabiam que os discípulos eram galileus, como, pois ouviam falar em suas línguas maternas (Atos 2.7,8) a descrição do verso 9, 10 e 11 parte A; mostra as línguas em que os discípulos começaram a falar, portanto, conhecida de quem a ouvia, mas possivelmente aqueles que estavam falando ser quer havia aprendido, neste caso, os discípulos de Cristo receberam e falaram de modo sobrenatural ao ponto de levar a multidão a se maravilhar, mas não sabia o que aquilo queria dizer, e outros pensaram que estavam bêbados (Atos 2.12,13), compreendemos que alguma coisa fora da normalidade havia acontecido, pois muitos se admiraram e outros chegaram a dizer  que os discípulos estava cheios de mosto. Portanto, não se pode negar este grande acontecimento da parte de Deus com a presença direta do Espirito Santo.  
Mas há aqueles que defendem que os discípulos foram alvo de um fenômeno chamado de Xenoglossia  (do grego xen(o) = estranho, estrangeiro + gloss(o) = língua) consiste no falar, de forma espontânea, em língua ou línguas, que não foram previamente aprendidas. Afirmam este que este suposto fenômeno metapsíquico no qual uma pessoa seria capaz de falar idiomas que nunca aprendeu, como, por exemplo, uma pessoa começar a falar Frances fluentemente sem nunca ter aprendido Frances, sem ter convivido ou conviver com Franceses, mas não foi o caso dos discípulos. Temos também outro termo chamado de Xenolalia que Segundo Stanley Horton, xenolalia “é o falar em línguas num idioma conhecido, estranho apenas a quem o fala”. No dia de Pentecostes, os crentes cheios do Espírito Santo falaram num idioma desconhecido para eles, mas, como a cidade de Jerusalém estava repleta de estrangeiros, estes puderam tomar conhecimento da mensagem do Evangelho em sua própria língua. O que vemos em Atos 2 foi uma concessão divina, a fim de que muitos pudessem crer em Jesus e receber a salvação. Foi um sinal para os incrédulos. Foi o batismo com o Espírito Santo acompanhado, simultaneamente, de uma mensagem de salvação. Ainda que raro este fenômeno repete-se segundo a soberania divina e em momentos em que ele faz-se necessário. Mas, o que me chama atenção é este fenômeno ter dia, hora e lugar especifico para acontecer na Bíblia e mais ainda atingir um grupo de pessoas, ou seja, mais precisamente 120 pessoas ao mesmo tempo. Glória Deus! Tais grupos ainda não satisfeitos enfocam a Glossolalia, mas chamada por este de Glossolalia religiosa dizendo que não é a mesma coisa que falar em outras línguas e usam como referencia Atos 2.4, afirmando que apenas consiste em um som inteligível, que não corresponde a nenhuma língua conhecida dentro do contexto humano. Naturalmente estes aplicam a glossolalia nesta passagem de atos 2.4 enquanto na verdade a palavra Glossolalia será utilizada nos textos paulinos e sua manifestação é clara no dom de variedade de Línguas; já na passagem de Atos comentada acima temos apenas um fenômeno inicial para marcar a descida do Espírito Santo. Portanto, O falar em línguas, a glossolalia, é a manifestação física do enchimento do Espírito Santo. Tal fenômeno não se restringe a Atos 2, pois o encontramos em diferentes passagens (1 Co 12.30; 14.5,6). É importante enfatizar que no dia de Pentecostes, pessoas oriundas de várias nacionalidades, judeus e prosélitos, estavam reunidas em Jerusalém para a celebração da festa sagrada do Pentecostes (At 2.5). No momento em que o Senhor derramou o seu Espírito (v.15), é possível que a área do Templo estivesse repleta. As línguas estranhas, como sinal, que os discípulos de Jesus falavam chamaram a atenção da multidão deixando-a perplexa com o fenômeno (At 2.6-12).
Quanto ao falar em línguas estranhas vemos que o Apóstolo Paulo da ênfase a sua realidade no corpo de Cristo, em 1 Coríntios 14. 2 “ Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios”. 1 Coríntios 14.4 “ O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja.” 1 Coríntios 14.13 “ Pelo que, o que fala em outra língua deve orar para que a possa interpretar.” 1 Coríntios 14. 22 “De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos; mas a profecia não é para os incrédulos, e sim para os que crêem.” 1 Coríntios 14.27 “ No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete.” 1 Coríntios 14.39 “ Portanto, meus irmãos, procurai com zelo o dom de profetizar e não proibais o falar em outras línguas.” Portanto, é possível perceber a realidade da línguas estranhas no Novo Testamento, é, algo que não se pode negar.
Consideremos nos dias atuais que o falar em línguas — tanto conhecidas como desconhecidas — quando provenientes do Espírito Santo, edificam o crente, a igreja e servem como sinal para os descrentes. Nos dias hodiernos tais manifestações são visíveis na vida de milhares de servos de Deus, na experiência bíblica, durante a história da igreja, pois, como disse o apóstolo Pedro, “a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39).
O Pastor Antônio Gilberto disse certa ocasião: - assim como a salvação é a dádiva de Deus para o perdido, o batismo com Espírito Santo é dádiva de Deus para os filhos de Deus.
Em síntese concluímos que existe o batismo nas águas – “imersão (Rm 6. 1-23); O batismo com ou no Espírito Santo e quem batiza é Jesus (Atos 2.1-47) e o batismo pelo Espírito Santo, este é totalmente espiritual que ocorre no momento da conversão. 
O Pastor Elianai Cabral afirma que O batismo com o Espírito Santo não pode ser tratado somente como teoria ou possibilidade remota, mas como algo indispensável do Senhor para o seu povo. Precisa ser uma experiência vital para o crente e para a igreja, pois é um dom divino para os salvos em Jesus. Que venhamos a orar e a buscar o revestimento de poder. Enchei-vos do Espírito (Ef 5.18).


Josué de Asevedo Soares

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Bibliografia
HORTON, S. M. A Doutrina do Espírito Santo. RJ: CPAD, 2001.
MENZIES, W. W; HORTON, S. M. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. 5.ed., RJ: CPAD, 2005.
MANUAL do Obreiro. Ano 27. N.29. Vida no Espírto. Terrence B. Johnson. 2005. CPAD.
STAMPS. Donald C, Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ. CPAD, 1995.
GRUDEM. WAYNER, Teologia Sistemáticas. SP: VIDA NOVA, 2005. 

Um comentário:

  1. Louvo a Deus pela sua vida estimado professor Josué Soares. Oro a Deus pela sua vida. Gostei muito sobre assunto.

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