segunda-feira, 21 de junho de 2021

A IGREJA E O ESTADO

 

                                     


Há na Bíblia Sagrada muitas passagens que tratam do papel que cabe a igreja no contexto político em relação ao Estado. Não podemos esquecer que o Antigo Testamento enfatiza muitos povos, cada qual com o seu sistema de governo e a presença de inúmeras religiões e inúmeros deuses, demonstrando assim, a sua crença politeísta. Em meio às muitas nações podemos citar o Egito, onde o Faraó era cultuado e visto como um deus. Em outros povos o poder religioso estava nas mãos dos sacerdotes da religião oficial, os quais exerciam enormes influencia sobre o poder político que normalmente, era exercido pelo rei.  Já o povo de Israel em sua formação como nação se desenvolve com a liderança de Moisés e o governo de Deus, conhecido como teocracia. Entre os seus contemporâneos, Israel nasce como uma religião monoteísta, pela sua fé em Deus que os tirou com braço forte do Egito (Êxodo 3 a 11). Como já mencionamos o governo de Israel era teocrático, portanto, no inicio de sua formação não havia rei que governasse (Jz 17.6; 18.1; 21.25), posto que Deus mesmo era o seu Senhor e Redentor. Mas com o passar dos tempos à formação política de Israel experimentou a atuação de profetas, Juízes que se levantaram com a morte de Josué e governaram cerca de 350 anos e depois veio a monarquia que foi implantado por Samuel que foi o homem, que nacionalizou e centralizou o governo ungido Saul a rei de todo Israel, com uma ordem direta de Deus (1 Sm 10.1-27). Entretanto, cabe mencionar que não houve uma eleição como em nossos dias, mas um ato soberano de Deus. Abro um parêntese para chamar a sua atenção para cada rei posto em Israel, pois em algum momento da história dessa nação, a dinastia é quebrada e em outro parece ser mantida. Já no Novo Testamento a religião existente entre os sacerdotes e o poder civil sofre mudança, uma vez que o império Romano era o poder dominante, surge então uma organização político-religiosa denominada Sinédrio. Sua origem remonta, segundo alguns comentaristas, ao tempo em que o Senhor determinou, entre os homens de Israel, setenta anciões para auxiliar a Moisés na tarefa de conduzir o povo à terra de Canaã (Nm 11.16-24). Já outros enfatizam que Esdras teria organizado esse grupo após o exílio (Ed 7.25,26; 10.14); como também é possível que os anciões referidos no livro de Esdras 5.5,9; 6.7,14; 10.8, juntamente com os líderes (Neemias 2.16; 4.14,19; 5.7; 7.5), compusessem esse grupo de anciões que mais tarde foi reorganizado formando assim, o sinédrio. Podemos ainda acrescentar que sob o governo de Júlio Cesar a autoridade do Sinédrio foi estendida sobre toda Judéia, assim, o governo estava em mãos do Sinédrio, que foi reconhecido até mesmo na diáspora (At 9.1,2; 22.5,30; 26.10-12). Sua atuação durou até o ano 70 d.C. quando foi abolido e substituído pelo Tribunal de julgamento (Beith Din). Entretanto, o Senhor Jesus deixou bem claro em seus ensinamentos, a separação entre a Igreja e o Estado. Como cidadão, Jesus pagava tributo (Mt 17.24-27), reconhecendo o dever de todo o cidadão se submeter às autoridades, como cumpridor de suas obrigações cívicas. Deste modo ensinou, que devemos ter o devido respeito aos poderes constituídos. Os membros da Igreja de Cristo possuem dupla nacionalidade. A primeira nacionalidade é a terrena, e segunda como cidadão do céu nascido do espírito. Jesus disse em certa ocasião: “O meu reino não é deste mundo” (Jo 18.36). A Igreja do Senhor atua simultaneamente, tanto na esfera espiritual como na terrena, com deveres inalienáveis, tanto para com o Estado, como para com o Senhor, observando, todavia, a distinção entre o que é de Deus e o que é do homem (Mt 22.21). A Igreja e o Estado são duas instituições de maior importância para a vida de uma nação, e com contribuições diferentes uma da outra. Em relação ao poder temporal, a Nova do Cordeiro não recebeu do Eterno a autoridade para o governo do mundo, e nem para ceder aos caprichos do governo, tendo em vista que a missão da Igreja é espiritual. Ela é a luz do mundo e o sal da Terra, e como tal a sua missão é iluminar é salgar este mundo. Através da mensagem do Evangelho a Igreja transmite a luz e a verdade ao homem em pecado, conduzindo ao conhecimento de Cristo. Portanto, ao lançar os fundamentos da Igreja, o Senhor Jesus foi claro a sua posição quanto ao poder de Roma, isto é, Ele não veio para impedir Roma ou qualquer outro império. Mas, chamar os pecadores ao arrependimento, viera revelar o amor, a justiça, a misericórdia e o perdão de Deus a todas as pessoas (Mt 5.3,11-17.45; 6.6). Quanto ao Estado temos conhecimento que para ser reconhecido como tal deve ter: um território, um povo, uma constituição ou lei e uma organização administrativa, ou seja, o Estado é uma sociedade humana organizada que se submete ao mando e à orientação de um poder centralizado, com a finalidade de estabelecer o bem próprio de cada um, ao mesmo tempo em que busca o bem de todos. Prezado leitor, a Igreja constitui-se de um povo escolhido e tirado do mundo, para obedecer a Deus, adorá-lo e viver em novidade de vida ( Hb 3.1; 2 Pe 1.3; Jo 15.16), isto é, um povo separado deste mundo, e consagrado para Deus. E é neste conceito que a Noiva do Cordeiro funciona, tornando-se aquela contra quais as portas do inferno não prevalece, porque o seu guardião é Cristo. Assim, aquele que nela estiver, tornar-se-á forte e vencerá o mundo, a carne e o diabo. Concluímos este artigo sendo enfático que para governar, instruir, disciplinar e orientar os homens, a fim de que este saiba fazer bom uso do seu livre arbítrio, constituída por Deus duas fontes de autoridade, uma religiosa e a outra política, ou seja, a espiritual, a Igreja e a temporal, o Estado. Ambas em esferas diferentes como já mencionamos acima, porém, entre elas deve haver respeito mútuo. Contudo, à Noiva do Cordeiro está reservada a missão de cooperar com os governantes advertindo-os da responsabilidade que têm de liderar e governar em consonância com os padrões éticos da Bíblia Sagrada (Pv 11.1-14; Is 10.1,2;Ml 3.5). Que possamos como Igreja de Cristo proceder sabiamente não trazendo escândalos, mas sempre dando bom testemunho para que o Nome do Senhor venha ser glorificado.

 Deus seja louvado!

                            Josué de Asevedo Soares



Nenhum comentário:

Postar um comentário