sábado, 16 de outubro de 2021

O Salmo do Pastor.

 


Conta-se que uma estação de rádio resolveu fazer um concurso de locução baseado em uma passagem da Bíblia, e foi escolhido pelos ouvintes a passagem bíblica do Salmos 23, este deveria ser citado pelos participante, até que a mesa julgadora escolheria o melhor de todos, no dia da apresentação uma a um dos concorrentes começaram a apresentar sua perfoma -se, um tinha mais habilidade e técnicas do que o outro e, por isso, ganhavam as melhores notas. Mas, apareceu entre os participantes um senhor idoso, que embora desprovido de todas as habilidades técnicas necessárias, foi o único que tirou lágrimas do auditório, que atento o ouvia, este por sua vez fez até os jurados esquecer de anotar os pontos. Mas, um dos participantes sem entender a reação do auditório perguntou a um colega, por que um homem de voz arranhada conseguiu fazer comover as pessoas ao citar o salmo do pastor? A resposta foi enquanto todos os locutores demonstraram conhecer o salmo do pastor, aquele homem idoso foi o único que demonstrou conhecer o pastor do salmo. Entendemos que muitos têm uma boa informação técnica sobre Deus, mas poucos ou nenhum relacionamento com Deus, o sumo pastor, por isso, encontra-se perdido.

É importante mencionar que oásis, deserto e curral é o cenário desse salmos, podemos ver isso nas expressões como verdes pastos e águas tranquilas, vale da sobra da morte e preparas uma mesa. É bem verdade que mostra dia-a-dia do pastor e das suas ovelhas.

É curioso, mas se faz necessário enfocar que as ovelhas devido a sua natureza coletiva, elas não se dão bem com criação de isolamento, elas vivem melhor em rebanho, junto a companhia de outras ovelhas, isso retrata bem a vida humana, alguém disse certa vez: que nenhum homem é uma ilha.

Compreendemos que a travessia do deserto nem sempre é uma tarefa fácil, devido certas peculiaridades que são próprias das ovelhas que dificultam o processo, as ovelhas são animais mamíferos com o peso médio de 50 quilos na fase adulta, podendo fornecer 4 a 12 quilos de lã a cada tosquia. Mas, é onde para descrição técnica que inicia as peculiaridades vista pelo pastor. É comum ver no oriente médio duas pessoas cuidando do rebanho, um jovem e um ancião, uma moça e uma rapazinho adolescente ou então uma criança.

Outro fato curioso é que a ovelha não aceita bem a troca de proprietário, ela se acostuma tanto com o pastor anterior que fica deprimida com sua ausência, recusando inclusive a água ou comida dada pelo novo pastor que ainda lhe é um estranho, por isso, é costume vender as ovelhas adultas caso o pastor não esteja junto para o matadouro , e nunca para o outro pastor a qual teria dificuldade para se adaptar por melhor que sejam tratadas, para remediar essa situação, caso haja a necessidade do pastor se ausentar por um tempo, ou até mesmo definitivamente, em caso de morte, a estratégia é colocar um segundo pastor frente do dito rebanho, então as ovelhas estaria de modo gradativo acostumando com este outro pastor, e assim as ovelhas podem superar a ausência do primeiro.

Contudo, podemos ver que a relação pastor e ovelha é bem mais forte do que poderíamos imaginar, daí a beleza de sermos considerados de forma poética ovelhas que podem chamar, neste caso, o nosso Deus como meu pastor, como faz o salmista. Em hebraico seria “Adonai Roí”, isto é, um título para Deus, um pronome de tratamento que traduzido pode ser “Senhor o meu pastor”. Já o termo “nada me faltará” é bom esclarecer que não têm o sentido de que tudo que eu desejo eu terei, mas significa que “de nada teria falta”, ainda que não tenha tudo; seria basicamente aquele pensamento que diz: “não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho”, ou seja, isto me faz mais suprido; Deus nós dá o necessário, do que aqueles que dizem tenho todas coisas.

Outro traço marcante das ovelhas é o senso de medo ou terror, tendo em vista não possuir elementos naturais de autodefesa como garra, dentes afiados ou veneno, logo em virtude disso, é compreensivo o porquê delas ter medo de qualquer coisa, e em alguns casos até do seu próprio reflexo na água, como também o barulho das correntezas pode assusta-las, é por isso, que após a travessia pelo deserto, o pastor deve conduzi-las, é as águas tranquilas, chamada de água do descanso, ou a água que descansa, portanto, águas tranquilas para não assusta-las ao ponto de impedir que sacie a sua sede; isso é bastante curioso, imagine um animal próximo a fonte de água, morre de sede, apenas por que tem medo, pois esse é o comportamento bem semelhante do ser humano; afinal de contas quantas pessoas existem que perdem a oportunidade de amor, de carinho, vitória na vida apenas,  apenas porque tem medo de amar, medo de servir por causa da decepção, medo de confiar, medo de arriscar, o pior medo de Deus. Podemos dizer que estas são como ovelhas sedentas, porém, medrosas que se tornam infelizes de tanto querer serem felizes.

Conta-se que um beduíno certa vez explicou que em algumas ocasiões, o pastor, tem que pegar água com as mãos e trazer até a boca da ovelha para que a mesma possa beber e não morrer de sede, isso aumenta mais o sentido do pastor aplicado a Deus, quando é dito que Ele nos leva as águas tranquilas e refrigera a nossa alma, mesmo em meio aos nossos temores e lutas. Vejamos a rotina dos pastores na terra de Israel, a sua tarefa é vigiar as ovelhas para que nenhum mal aconteça e tenha cuidado para que elas não passem necessidades. É bom informar que as roupas de um pastor não são as mais bonitas que uma pessoa possa ter, levam as marcas do labutar diário, além do sol do deserto que castiga sua pele todos os dias, o mais interessante é que ele sabe que essa será sua tarefa na manhã seguinte, e mesmo assim, o bom pastor não se importa, ele gosta do que faz e ama o seu rebanho; Essa é uma comparação semelhante que jesus fez a sua pessoa e ao pastor de ovelhas em João 10.11. Nosso Senhor faz a comparação do seu amor, como um pastor que cuida seu rebanho.

Finalmente, chega à tardinha é a hora de todos retornarem para o curral, o ideal é sair no momento que não se pegue o causticante sol do dia, e tampouco, o vento frio da noite. Foi talvez imaginado o caminho de volta ao aprisco, que Davi propôs, ele guia pela vereda da justiça, isso quer dizer que Deus leva-nos por caminhos retos, não tortuosos, com Deus estamos seguro de volta para casa ou ir a qualquer lugar.

O texto nos mostra a possibilidade de provações ao longo do caminho, a companhia do pastor oferece conforto e segurança, mas não garante uma paisagem aparentemente tranquila, existe a possibilidade de andar pelo vale da sobra da morte. O vale da sobra da morte seria um lugar real, na verdade era um caminho íngreme, e apertado em meio as rochas que oferece risco de morte para o rebanho, desde os ataques de animais que ficava nos penhascos, até mesmo aqueda que provocaria a morte. Mas, esse era um trajeto inevitável para voltar para casa, como enfrentá-lo e como fazer com que animais tão medrosos atravessem uma região tão difícil como essa; bem alguns pastores desenvolveram uma técnica de adestramento, eles passaram a cantar ou tocar para que as ovelhas ao som de sua voz se acalmassem, as ovelhas por sua vez formavam uma fila e passavam pelo lugar perigoso, assim elas reconheciam a voz do seu pastor e o seguiam. Jesus disse certa vez: “as minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem” (João 10.27). Porém, existe a possibilidade de uma ovelha cair; caso a ovelha caísse como o pastor iria regatá-la? Para isso o pastor contava com o seu cajado, pois o salmista afirma que “a tua vara e o teu cajado” (Sl 23.4), é importante enfatizar que o cajado do pastor tem três funções: A primeira, era que funcionava como vara, quando a ovelha se dispersasse o pastor batia na ovelha desobediente fazendo voltar para o grupo; A segunda, seria como o cajado servia para tocar o rebanho e suas pontas funcionava como um gancho, literalmente o pastor pescava sua ovelha, quando esta estava machucada ou fora do alcance de seus braços. A terceira era que nas pontas do cajado tinha um segredo, havia um encaixe embutido que se transformava em uma lança de metal, que o pastor usaria em caso de ataque de um predado como um uso, lobo ou leão, ao lado disso, muitos pastores tinham uma funda. Portanto, podemos dizer que a vara ou cajado servia para disciplinar, salvar e proteger. Aprendemos que o nosso Deus salva, protege e também disciplinar para aperfeiçoar.

O salmista faz menção: “preparas uma mesa perante mim.” (Sl 23.5). Agora vemos uma cena de um rebanho próximo ao aprisco, as ovelhas parecem perceber que estão chegando em casa, e que o deserto ficou para trás, ali o pastor costuma dá uma última refeição que supre suas energias, aquelas gastas na travessia do deserto, e assim, elas estarão prontas para dormir; mas antes disso o pastor faz uma recontagem das ovelhas, pois este processo de contar as ovelhas é realizado ao longo do dia para ver se não falta alguma. Pois, o deserto traiçoeiro pode desviar alguma ovelha; certa ocasião Jesus falou do pastor que tinha cem ovelhas e uma dessas ovelhas tinha se perdido, mas o bom pastor foi busca-la, tal relato nos ensina que somos preciosos para o Senhor, mostrando assim, o amor de Deus e o seu cuidado.

                                        FRATERNALMENTE EM CRISTO.

                                                  Josué de Asevedo Soares

 

 

 

 

2 comentários:

  1. Que Histórico interessante desse Salmos. Mensagem esclarecedora. Deus seja louvado.

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  2. Aprendi muito. Deus seja louvado!

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