quinta-feira, 20 de março de 2014

O CRISTÃO E O CARÁTER MOLDADO PELO ESPÍRITO SANTO
“Para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp 2.15).
O cristão verdadeiro se diferencia em meio à sociedade corrompida e perversa que está no mundo por ter um caráter moldado pelo Espírito Santo. Cada um de nós somos admoestados pelo apóstolo Paulo a ser luzeiro, isto é, brilhar em meio as trevas. Mas para que isso venha acontecer é mister que transmitamos a cada crente um viver santo, puro, honesto e cheio de temor a Deus.

  O CARÁTER DO CRISTÃO


Muitas pessoas fazem confusão acerca do caráter e o tomam como sendo o mesmo que personalidade. Aconselho aos irmãos a recordarem a primeira lição no tópico 1.1, onde comentamos que “o atalaia deve ter um bom caráter”, tenho certeza que ajudará um pouco. Mas observando melhor os conceitos vamos notar que o caráter é uma parte da personalidade.


A FORMAÇÃO DO CARÁTER

Nenhuma pessoa nasce com um caráter formado. Ele nasce possuindo um potencial, certos traços que, em contato com meio social em que vive, vão desenvolver aspectos que ajudarão a formar o caráter. A família, a escola, a igreja e outros grupos sociais, nortearão o caminho de desenvolvimento do caráter de cada pessoa. É de suma importância que as crianças, adolescentes, jovens e anciãos aprendam manter a sua mente na Palavra de Deus, pois somente assim teremos uma igreja solidificada nas Escrituras e mais respeitada no mundo em que vivemos.    



O VALOR DA ESCOLA DOMINICAL

A EBD como é conhecida, tem o seu valor na contribuição na formação do caráter do cristão. É através dela que os professores e alunos podem juntos conhecer a Bíblia Sagrada, desenvolver o seu valor e reverência a Deus nos cultos e na sua maneira de viver fora da Igreja. Pastor Antonio Gilberto escreveu: “A Escola dominical é a escola de ensino bíblico da Igreja, que evangeliza enquanto ensina a Palavra de Deus. Ela conjuga os dois lados da missão de Jesus à Igreja”. A Escola dominical tem objetivos definidos para atingir. Não se trata apenas de uma reunião domingueira comum, ou um culto a mais. Esses objetivos são três: Ganhar almas para Jesus, Desenvolver a espiritualidade dos alunos e o caráter cristão e treinar o cristão para o serviço do mestre.


O VALOR DO CULTO DE DOUTRINA

O culto de doutrina, mas conhecido como culto de ensino da Palavra de Deus tem grande valor na formação da vida cristã de cada servo de Deus. Para o cristão do Novo Testamento, o culto racional, ou culto espiritual, tem o mesmo sentido de vida agradável a Deus. O pastor Nemuel Kesler escreveu sobre a importância do culto e enfatizou a sua importância: 1) Aproxima o homem a Deus; 2) Concede instrução para o viver diário; 3) Concede oportunidade de uma consciência pura; 4) Prover estímulos morais e desafios para a vida; 5) Coloca o homem em comunhão perfeita com o próximo.O ensino da Palavra é uma obra espiritual, significa a cultura da alma. Ganhar a pessoa para Cristo é apenas o inicio da obra: é preciso cuidar em seguida da formação dos hábitos cristãos, os quais resultarão num caráter ideal modelado pela Palavra de Deus. São os hábitos que formam o caráter: e este influi no destino da pessoa. Afirma a psicologia: o pensamento conduz ao ato, o ato conduz ao hábito, o hábito conduz ao caráter, o caráter conduz ao destino da pessoa. Isso humanamente falando.  



O CRISTÃO DEVE DESPOJAR-SE


A passagem de (Cl 3.8,9), nos declara que devemos nos livrar de todas as práticas más e da imoralidade. Então poderemos nos comprometer com o que Cristo nos ensina. O apóstolo Paulo estava incentivando aos crentes a permanecerem verdadeiros e fieis a sua confissão de fé. Deveriam se livrar da vida velha, vencendo a carne e suas práticas reprovadas por Deus e seus mandamentos. São sete coisas das quais devemos nos despojar descrito na Bíblia, são elas: 1) A ira (V 8; Ef 4.26); 2) A Cólera (V 8); 3) A Malícia (V 8; Ef 4.31); 4) A Maledicência (V 8; Mt 12.31); 5) As Palavras torpes (Ef  4.29; 5.4); 6) A mentira (V 9; Ef 4.25); 7) O velho homem (V9; 2 Co 5.17). Desejo enfatizar apenas três, das quais entendo que tem minado fé de muito.  Portanto, o crente deve despojar-se:


 DA IRA
Os dicionaristas definem a ira como uma paixão que incita toda  agressividade contra alguém ou algo. O crente deve despojar-se da ira. Não são poucos os casos mencionados na mídia de pessoas que não dominaram a ira e cometeram crimes. A Palavra do Senhor está escrito: “Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira abriga-se no seio dos tolos”(Ec 7.9). Jesus disse que qualquer que se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo (Mt 5.22).  Paulo recomenda que não nos vinguemos a nós mesmos, mas que demos lugar à ira de Deus (Rm 12.19), ela só dura por um momento, mas não comete atrocidades. A Bíblia nos orienta a não orar quando em nosso coração houver ira. Devemos levantar as mãos para o Senhor, despojado da ira (1 Tm 2.8).


DAS PALAVRAS TORPES 

Palavras torpes podem ser definidas como: palavra infame, vergonhosa, obscena e indecente. Um dos personagens mais importante do Antigo testamento foi o profeta Samuel. Um de seus mais preciosos segredos espirituais encontramos em 1 Sm 3.19: “... e nenhuma de todas as sua palavras deixou cair em terra”. Quantos que se dizem cristãos verberam palavras torpes no seu dia-a-dia e que na verdade estão sendo um perigoso estorvo à fé de muito. O profeta Malaquias declara: “Então aqueles que temem ao Senhor falam cada um com o seu companheiro; e o Senhor atenta e ouve; e há um memorial escrito diante dele, para os que temem ao Senhor e para os que se lembram do seu nome”(Ml 3.16). Portanto, cuidado queridos irmãos, Deus está a observar cada palavra que estamos pronunciando.    


DA MENTIRA
A mentira pode ser definida como: ação ou efeito de mentir; ludibriar; falsidade ou ilusão. Deus abomina a mentira. Muitos usam de brincar com a mentira; há alguns crentes que afirmam ser necessário em certas ocasiões falar mentiras e ainda tem coragem de dizer que é uma “mentira santa”. Mas a Palavra de Deus é veemente é expressamente proibido o seu povo praticar a mentira (Lv 19.11). Hoje vemos a falta de temor de muitos que encima do púlpito falam mentiram, cantam mentira, profetizam mentira e testemunham mentiras. Portanto, toda e qualquer mentira praticada no meio da Igreja de Deus compromete a sua pureza e o seu caráter e entristece o Espírito Santo (Ef 4.30). Trata-se de pecado, de expressa desobediência à Bíblia Sagrada. Coisas que de maneira alguma agradam a Deus (Cl 3.9,10). A mentira procede do maligno. Deus não considera seus filhos os que mentem, e sim filhos do diabo (Jo 8.44). Ananias morreu porque mentiu, deixando Satanás encher o seu coração (At 5.3-5). Se a mesma atitude fosse usado hoje, quantos Ananias seriam encontrados com o seu corpo caído no chão.Em Atos 5.1 à 8.3, vemos tantos problemas internos como externos enfrentados pela Igreja. Internamente, havia desonestidade (Atos 5.1-11), cobiça (Atos 5.3) e problemas administrativos (6.1-7). Externamente, a Igreja era pressionada pela perseguição. Embora a liderança da Igreja fosse cuidadosa e sensível ao lidar com os problemas internos, não havia muito que pudesse fazer para evitar as pressões externas. Mas, em meio a tudo isso, os lideres mantiveram seu foco naquilo que mais importante: divulgar as Boas Novas de Jesus Cristo. Podemos ainda perceber que depois da vinda do Espírito Santo, os crentes não ficaram imunes às tentações do inimigo. Embora Satanás tivesse sido derrotado por Cristo na cruz, tentou fazer com que os cristãos tropeçassem; como ainda hoje (Ef 6.12; 1 Pe 5.8). 


 O CRISTÃO DEVE REVESTIR-SE

 Pelas Santas Escrituras há pelo menos nove coisas que o cristão verdadeiro deve revestir-se, são elas: 1) O novo homem (Ef 4.24); 2) Entranhas de misericórdias (2 Co 6.12); 3) Benignidade (1 Co 13.4); 4) Humildade ;  5) Mansidão (1 Co 13.4); Longanimidade (1 Co 13.4); 7) Paciência (Gl 5.22); 8) Perdão (Mt 18.35); 9) amor divino (1 Co 13.4). Mas vamos nos ater apenas em três que considero de muita importância para que a Igreja possa resistir os dias maus, são elas:


REVESTIR-SE DO NOVO HOMEM 

Em 1Jo 5.1 está escrito: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou, também ama ao que dele é nascido”. Temos que nascer de novo da parte de Deus para alcançar a certeza, o direito a posse da vida eterna. Em adão somos nada mais que uma raça de pecadores rebeldes à vontade de Deus. A Palavra de Deus descreve o pecador como sendo desobedientes (Rm 2.8); Extraviado (Tt 3.3; Rm 3.12); Concupiscente (1 Pe 4.2), imundo (Is 64.6) e doente (Is 1.5,6). O novo homem é chamado na Bíblia também de “homem interior” ou “nova natureza”. É esta nova personalidade espiritual que o Espírito Santo implanta no crente através do glorioso processo da regeneração ou novo nascimento (Jo 3.5). O Novo homem é fruto do novo nascimento. Assim como uma criança vem ao mundo de forma natural, as pessoas que nascem de novo passam a ser uma nova criatura em Cristo (2 Co 5.17).  A vontade dos homens ou qualquer outro mecanismo estranho ao plano redentor não pode fazer surgir uma nova natureza. Somente o Espírito Santo e a Bíblia têm esse maravilhoso efeito (1 Pe 1.2; Tt 3.5).O novo homem tem um novo viver (2 Co 5.14), lemos que a nova criatura deixou todas coisas para trás. Realmente, tudo se torna novo na vida do cristão. Devemos de toda maneira evitar voltar às práticas do passado. Nunca mais procurar as velhas amizades, com quem participávamos de coisas desagradáveis a Deus, os velhos prazeres, os velhos encontros, as velhas palavras. O novo homem tem o novo viver. O Espírito Santo lhe dá uma nova dimensão de vida. O Novo homem tem um novo compromisso. Agora estamos comprometidos com Cristo e Sua Igreja (Gl 2.20). Não podemos servir a Deus e o mundo. A vida do salvo não tem lugar para outra coisa ao não ser agradar, adorar e servir a Deus.

      

REVESTIR DE MISERICÓRDIA

A misericórdia é uma expressão do amor de Deus. No hebraico a palavra misericórdia é “Chessed” e dependendo do sentido abordado significa sentimento doloroso provocado pela miséria e sofrimento; favor, graça, bondade ou compaixão. Misericórdia é um atributo de Deus. Somente podemos exercer misericórdia se estivermos em continuo contato com o Senhor. Deus é descrito em (Ex 34.6,7) como um Deus misericordioso. No Salmo 25.10 está escrito: “Todas as veredas do Senhor são misericórdia”. É exclusividade de nosso Deus possuir misericórdia. Jesus espera de cada crente tenha uma atitude de misericórdia e que esse sentimento possa fluir sobre as vidas daqueles que estão perdidos e até mesmo em relação àquele que nos ofenderam (Rm 12.10; 1Jo 4.8; 20). Portanto, a misericórdia deve ser exercida em todo momentos (Gl 6.9), e através de uma atitude de perdão (Mt 18.23-35).



REVESTIR-SE DE MANSIDÃO

Mansidão em Gl 5.23 vem da palavra grega “praotes”. É provavelmente o mais difícil dos atributos a definir, visto que fala de uma atitude anterior e não de uma ação exterior. Mas dicionário da língua portuguesa a define como qualidade do que é manso ou brandura da índole ou gênio.  É mais fácil ser manso quando tudo nos é favorável. No entanto, é importante que conservemos a mansidão em todo tempo a fim de modelar o caráter cristão. A Palavra de Deus ensina porque devemos ser manso: 1) Para podermos buscar ao Senhor convenientemente (Sf 2.3); 2) Para podermos receber a Palavra que nos é enxertada (Tg 1.21).  Para que a sabedoria possa ser demonstrada (Tg 3.13); Para que possamos estar preparado para responder aos que interrogarem a nossa fé (1 Pe 3.15). Na Bíblia vemos Paulo considerar a mansidão como uma virtude básica do caráter do servo de Deus (Tt 2.1-10 ). A mansidão é recompensada. Os mansos da terra foram os que escaparam ao juízo de Jeová (Sl 76.9). Há ocasiões que vencemos uma questão, não pela a nossa atuação de uma veemente defesa, mas pelo espírito de mansidão como que encaramos o problema. Entenda que mansidão não é sinônimo de covardia.  No livro fruto do Espírito comenta o Pr. Antonio Gilberto: As três principais idéias de mansidão como frutos do Espírito são estas: 1) Ser submisso à vontade de Deus (Mt 11.29); 2) Ser suscetível para aprender (Tg 1.21); 3) Ser atencioso, isto é, ser moderado, tranquilo, atenção ou cuidado, ou ser paciente com os outros por amor. Mansidão e firmeza caminham de mãos dadas. Os franceses têm um ditado: “Devemos ter mãos de aço em luvas de veludo”. A Bíblia nos afirma que a mansidão: 1) qualifica o cristão para herdar a terra (Mt 5.5); 2) É preciosa diante de Deus (1 Pe 3.4); 3) Resulta em repetido regozijo no Senhor (Is 29.19); 4) É uma característica do crente sábio (Tg 3.13); 4) Ela acompanha as virtudes cristãs (1Tm 6.11).

Extraído do livro "Anônimos e Atalaia de Deus" autoria de Josué de Asevedo Soares.

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