O CRISTÃO E O CARÁTER
MOLDADO PELO ESPÍRITO SANTO
“Para que vos torneis irrepreensíveis e
sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e
corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp 2.15).
O cristão
verdadeiro se diferencia em meio à sociedade corrompida e perversa que está no
mundo por ter um caráter moldado pelo Espírito Santo. Cada um de nós somos
admoestados pelo apóstolo Paulo a ser luzeiro, isto é, brilhar em meio as
trevas. Mas para que isso venha acontecer é mister que transmitamos a cada
crente um viver santo, puro, honesto e cheio de temor a Deus.
O CARÁTER DO CRISTÃO
Muitas
pessoas fazem confusão acerca do caráter e o tomam como sendo o mesmo que
personalidade. Aconselho aos irmãos a recordarem a primeira lição no tópico
1.1, onde comentamos que “o atalaia deve ter um bom caráter”, tenho certeza que
ajudará um pouco. Mas observando melhor os conceitos vamos notar que o caráter
é uma parte da personalidade.
A FORMAÇÃO DO CARÁTER
Nenhuma pessoa
nasce com um caráter formado. Ele nasce possuindo um potencial, certos traços
que, em contato com meio social em que vive, vão desenvolver aspectos que
ajudarão a formar o caráter. A família, a escola, a igreja e outros grupos sociais,
nortearão o caminho de desenvolvimento do caráter de cada pessoa. É de suma
importância que as crianças, adolescentes, jovens e anciãos aprendam manter a
sua mente na Palavra de Deus, pois somente assim teremos uma igreja
solidificada nas Escrituras e mais respeitada no mundo em que vivemos.
O VALOR DA ESCOLA DOMINICAL
A EBD como é conhecida, tem o seu valor
na contribuição na formação do caráter do cristão. É através dela que os
professores e alunos podem juntos conhecer a Bíblia Sagrada, desenvolver o seu
valor e reverência a Deus nos cultos e na sua maneira de viver fora da Igreja. Pastor
Antonio Gilberto escreveu: “A Escola dominical é a escola de ensino bíblico da
Igreja, que evangeliza enquanto ensina a Palavra de Deus. Ela conjuga os dois
lados da missão de Jesus à Igreja”. A Escola dominical tem objetivos definidos
para atingir. Não se trata apenas de uma reunião domingueira comum, ou um culto
a mais. Esses objetivos são três: Ganhar almas para Jesus, Desenvolver a
espiritualidade dos alunos e o caráter cristão e treinar o cristão para o
serviço do mestre.
O VALOR DO CULTO DE DOUTRINA
O culto de doutrina, mas conhecido como culto de
ensino da Palavra de Deus tem grande valor na formação da vida cristã de cada
servo de Deus. Para o cristão do Novo Testamento, o culto racional, ou culto
espiritual, tem o mesmo sentido de vida agradável a Deus. O pastor Nemuel
Kesler escreveu sobre a importância do culto e enfatizou a sua importância: 1)
Aproxima o homem a Deus; 2) Concede instrução para o viver diário; 3) Concede
oportunidade de uma consciência pura; 4) Prover estímulos morais e desafios
para a vida; 5) Coloca o homem em comunhão perfeita com o próximo.O
ensino da Palavra é uma obra espiritual, significa a cultura da alma. Ganhar a
pessoa para Cristo é apenas o inicio da obra: é preciso cuidar em seguida da
formação dos hábitos cristãos, os quais resultarão num caráter ideal modelado
pela Palavra de Deus. São os hábitos que formam o caráter: e este influi no
destino da pessoa. Afirma a psicologia: o pensamento conduz ao ato, o ato
conduz ao hábito, o hábito conduz ao caráter, o caráter conduz ao destino da
pessoa. Isso humanamente falando.
O CRISTÃO DEVE DESPOJAR-SE
A passagem de (Cl 3.8,9), nos
declara que devemos nos livrar de todas as práticas más e da imoralidade. Então
poderemos nos comprometer com o que Cristo nos ensina. O apóstolo Paulo estava incentivando
aos crentes a permanecerem verdadeiros e fieis a sua confissão de fé. Deveriam
se livrar da vida velha, vencendo a carne e suas práticas reprovadas por Deus e
seus mandamentos. São sete coisas das quais devemos nos despojar descrito na
Bíblia, são elas: 1) A ira (V 8; Ef 4.26); 2) A Cólera (V 8); 3) A Malícia (V
8; Ef 4.31); 4) A Maledicência (V 8; Mt 12.31); 5) As Palavras torpes (Ef 4.29; 5.4); 6) A mentira (V 9; Ef 4.25); 7) O
velho homem (V9; 2 Co 5.17). Desejo enfatizar apenas três, das quais entendo
que tem minado fé de muito. Portanto, o
crente deve despojar-se:
DA IRA
Os dicionaristas definem a ira como
uma paixão que incita toda agressividade
contra alguém ou algo. O crente deve despojar-se da ira. Não são poucos os
casos mencionados na mídia de pessoas que não dominaram a ira e cometeram crimes.
A Palavra do Senhor está escrito: “Não te apresses no teu espírito a irar-te,
porque a ira abriga-se no seio dos tolos”(Ec 7.9). Jesus disse que qualquer que
se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo (Mt 5.22). Paulo recomenda que não nos vinguemos a nós
mesmos, mas que demos lugar à ira de Deus (Rm 12.19), ela só dura por um
momento, mas não comete atrocidades. A Bíblia nos orienta a não orar quando em
nosso coração houver ira. Devemos levantar as mãos para o Senhor, despojado da
ira (1 Tm 2.8).
DAS PALAVRAS TORPES
Palavras torpes
podem ser definidas como: palavra infame, vergonhosa, obscena e indecente. Um
dos personagens mais importante do Antigo testamento foi o profeta Samuel. Um
de seus mais preciosos segredos espirituais encontramos em 1 Sm 3.19: “... e
nenhuma de todas as sua palavras deixou cair em terra”. Quantos que se dizem
cristãos verberam palavras torpes no seu dia-a-dia e que na verdade estão sendo
um perigoso estorvo à fé de muito. O profeta Malaquias declara: “Então aqueles
que temem ao Senhor falam cada um com o seu companheiro; e o Senhor atenta e
ouve; e há um memorial escrito diante dele, para os que temem ao Senhor e para
os que se lembram do seu nome”(Ml 3.16). Portanto, cuidado queridos irmãos,
Deus está a observar cada palavra que estamos pronunciando.
DA MENTIRA
A mentira pode ser definida como: ação ou
efeito de mentir; ludibriar; falsidade ou ilusão. Deus abomina a mentira.
Muitos usam de brincar com a mentira; há alguns crentes que afirmam ser
necessário em certas ocasiões falar mentiras e ainda tem coragem de dizer que é
uma “mentira santa”. Mas a Palavra de Deus é veemente é expressamente proibido
o seu povo praticar a mentira (Lv 19.11). Hoje vemos a falta de temor de muitos
que encima do púlpito falam mentiram, cantam mentira, profetizam mentira e
testemunham mentiras. Portanto, toda e qualquer mentira praticada no meio da
Igreja de Deus compromete a sua pureza e o seu caráter e entristece o Espírito
Santo (Ef 4.30). Trata-se de pecado, de expressa desobediência à Bíblia
Sagrada. Coisas que de maneira alguma agradam a Deus (Cl 3.9,10). A mentira
procede do maligno. Deus não considera seus filhos os que mentem, e sim filhos
do diabo (Jo 8.44). Ananias morreu porque mentiu, deixando Satanás encher o seu
coração (At 5.3-5). Se a mesma atitude fosse usado hoje, quantos Ananias seriam
encontrados com o seu corpo caído no chão.Em Atos 5.1 à 8.3, vemos tantos problemas internos como
externos enfrentados pela Igreja. Internamente, havia desonestidade (Atos 5.1-11),
cobiça (Atos 5.3) e problemas administrativos (6.1-7). Externamente, a Igreja
era pressionada pela perseguição. Embora a liderança da Igreja fosse cuidadosa
e sensível ao lidar com os problemas internos, não havia muito que pudesse
fazer para evitar as pressões externas. Mas, em meio a tudo isso, os lideres
mantiveram seu foco naquilo que mais importante: divulgar as Boas Novas de
Jesus Cristo. Podemos ainda perceber que depois da vinda do Espírito Santo, os
crentes não ficaram imunes às tentações do inimigo. Embora Satanás tivesse sido
derrotado por Cristo na cruz, tentou fazer com que os cristãos tropeçassem;
como ainda hoje (Ef 6.12; 1 Pe 5.8).
O CRISTÃO DEVE REVESTIR-SE
Pelas Santas Escrituras há pelo menos nove
coisas que o cristão verdadeiro deve revestir-se, são elas: 1) O novo homem (Ef
4.24); 2) Entranhas de misericórdias (2 Co 6.12); 3) Benignidade (1 Co 13.4);
4) Humildade ; 5) Mansidão (1 Co 13.4); Longanimidade (1 Co 13.4); 7) Paciência (Gl 5.22); 8) Perdão (Mt 18.35); 9) amor
divino (1 Co 13.4). Mas vamos nos ater apenas em três que considero de muita
importância para que a Igreja possa resistir os dias maus, são elas:
REVESTIR-SE DO NOVO HOMEM
Em 1Jo 5.1 está
escrito: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo
aquele que ama ao que o gerou, também ama ao que dele é nascido”. Temos que
nascer de novo da parte de Deus para alcançar a certeza, o direito a posse da
vida eterna. Em adão somos nada mais que uma raça de pecadores rebeldes à
vontade de Deus. A Palavra de Deus descreve o pecador como sendo desobedientes
(Rm 2.8); Extraviado (Tt 3.3; Rm 3.12); Concupiscente (1 Pe 4.2), imundo (Is
64.6) e doente (Is 1.5,6). O novo homem é chamado na Bíblia também de “homem
interior” ou “nova natureza”. É esta nova personalidade espiritual que o
Espírito Santo implanta no crente através do glorioso processo da regeneração
ou novo nascimento (Jo 3.5). O Novo homem é fruto do novo nascimento. Assim
como uma criança vem ao mundo de forma natural, as pessoas que nascem de novo
passam a ser uma nova criatura em Cristo (2 Co 5.17). A vontade dos homens ou qualquer outro
mecanismo estranho ao plano redentor não pode fazer surgir uma nova natureza.
Somente o Espírito Santo e a Bíblia têm esse maravilhoso efeito (1 Pe 1.2; Tt
3.5).O novo homem tem um novo viver (2 Co 5.14), lemos que a
nova criatura deixou todas coisas para trás. Realmente, tudo se torna novo na
vida do cristão. Devemos de toda maneira evitar voltar às práticas do passado.
Nunca mais procurar as velhas amizades, com quem participávamos de coisas
desagradáveis a Deus, os velhos prazeres, os velhos encontros, as velhas
palavras. O novo homem tem o novo viver. O Espírito Santo lhe dá uma nova
dimensão de vida. O Novo homem tem um novo compromisso. Agora estamos
comprometidos com Cristo e Sua Igreja (Gl 2.20). Não podemos servir a Deus e o
mundo. A vida do salvo não tem lugar para outra coisa ao não ser agradar,
adorar e servir a Deus.
REVESTIR DE
MISERICÓRDIA
A
misericórdia é uma expressão do amor de Deus. No hebraico a palavra
misericórdia é “Chessed” e dependendo do sentido abordado significa sentimento
doloroso provocado pela miséria e sofrimento; favor, graça, bondade ou
compaixão. Misericórdia é um atributo de Deus. Somente podemos exercer misericórdia
se estivermos em continuo contato com o Senhor. Deus é descrito em (Ex 34.6,7)
como um Deus misericordioso. No Salmo 25.10 está escrito: “Todas as veredas do
Senhor são misericórdia”. É exclusividade de nosso Deus possuir misericórdia.
Jesus espera de cada crente tenha uma atitude de misericórdia e que esse
sentimento possa fluir sobre as vidas daqueles que estão perdidos e até mesmo
em relação àquele que nos ofenderam (Rm 12.10; 1Jo 4.8; 20). Portanto, a
misericórdia deve ser exercida em todo momentos (Gl 6.9), e através de uma
atitude de perdão (Mt 18.23-35).
REVESTIR-SE DE MANSIDÃO
Mansidão em Gl 5.23 vem da palavra grega “praotes”.
É provavelmente o mais difícil dos atributos a definir, visto que fala de uma
atitude anterior e não de uma ação exterior. Mas dicionário da língua
portuguesa a define como qualidade do que é manso ou brandura da índole ou
gênio. É mais fácil ser manso quando
tudo nos é favorável. No entanto, é importante que conservemos a mansidão em
todo tempo a fim de modelar o caráter cristão. A Palavra de Deus ensina porque
devemos ser manso: 1) Para podermos buscar ao Senhor convenientemente (Sf 2.3);
2) Para podermos receber a Palavra que nos é enxertada (Tg 1.21). Para que a sabedoria possa ser demonstrada
(Tg 3.13); Para que possamos estar preparado para responder aos que
interrogarem a nossa fé (1 Pe 3.15). Na Bíblia vemos Paulo considerar a
mansidão como uma virtude básica do caráter do servo de Deus (Tt 2.1-10 ). A
mansidão é recompensada. Os mansos da terra foram os que escaparam ao juízo de
Jeová (Sl 76.9). Há ocasiões que vencemos uma questão, não pela a nossa atuação
de uma veemente defesa, mas pelo espírito de mansidão como que encaramos o
problema. Entenda que mansidão não é sinônimo de covardia. No livro fruto do Espírito comenta o Pr. Antonio Gilberto:
As três principais idéias de mansidão como frutos do Espírito são estas: 1) Ser
submisso à vontade de Deus (Mt 11.29); 2) Ser suscetível para aprender (Tg
1.21); 3) Ser atencioso, isto é, ser moderado, tranquilo, atenção ou cuidado,
ou ser paciente com os outros por amor. Mansidão e firmeza caminham de mãos
dadas. Os franceses têm um ditado: “Devemos ter mãos de aço em luvas de
veludo”. A Bíblia nos afirma que a mansidão: 1) qualifica o cristão para herdar
a terra (Mt 5.5); 2) É preciosa diante de Deus (1 Pe 3.4); 3) Resulta em
repetido regozijo no Senhor (Is 29.19); 4) É uma característica do crente sábio
(Tg 3.13); 4) Ela acompanha as virtudes cristãs (1Tm 6.11).
Extraído do livro "Anônimos e Atalaia de Deus" autoria de Josué de Asevedo Soares.
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