segunda-feira, 13 de março de 2017

A Epístola de Tiago



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                A epístola de Tiago é marcada por uma forte ênfase na vida de retidão, e isso levou alguns estudiosos a pensar que o escritor tinha pouco interesse teológico, o que é uma inferência errônea. Tiago não tem dúvidas quanto à importância de viver plenamente as implicações da profissão de fé cristã e isso não está baseado em algum princípio filosófico geral, mas em convicções. Sua carta é curta, mas ele dá provas de conhecer um número surpreendente de livros do Antigo Testamento e de estar bem familiarizado com os ensinos de Jesus. O que ele escreve procede deste cenário.
Tiago é monoteísta (2.19) e entende que Deus está em atividade. Devemos orar por sabedoria, pois Deus a dá liberalmente (1.5). Deus escolheu “os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé” (2.5), o que evidencia tanto o cuidado de Deus pelos pobres como a fé como dádiva sua. O ser humano foi feito a imagem de Deus (3.9), algo que, naturalmente tem implicações para a maneira como ele deve viver. Não é apropriado amaldiçoar alguém, por exemplo: Deus é sempre justo e exige justiça dos seus. Ele não é tentado pelo mal e não tenta ninguém (1.3). Ele quer que os cristãos sejam “tardios para se irar, porque a ira do homem não produz a justiça de Deus” (1.19-20). Ele enxerga a visita à viúva e órfãos em suas dificuldades como exemplo do tipo de religião que Deus aceita; isso deve vir junto com manter-se limpo da imundície do mundo (1.27). Tiago vê que o mundo está em oposição à Deus, tanto que ser amigo do mundo significa ser inimigo de Deus (4.4). Deus resiste aos orgulhosos, mas dá graça a quem é humilde (4.6); “sujeitai-vos, portanto a Deus” (4.7). Deus responde a atitudes corretas da nossa parte: “Chegai-vos a Deus”, diz Tiago, “e ele se chegará a vós” (4.8). Vemos isso no caso de Abraão. Esse patriarca confiou em Deus e isso lhe foi creditado como justiça, e ele foi chamado amigo de Deus (2.23).
A lei é importante, e Tiago fala paradoxalmente da “lei perfeita”, lei da liberdade (1.25); é por essa lei que todos seremos julgados (2.12). Ele fala também da “lei régia” (2.8), que ele explica em termos de amor. Está claro que, para Tiago, a lei tem importância crucial, mas está igualmente claro que ele não a entende do mesmo modo como os judeus normalmente faziam. Leonhard Goppelt comenta “a perfeição da lei não estava em ser ela a lei ideal, mas em reivindicar o ser humano totalmente para o seu Criador, em toma-lo inteiramente por dentro e liberta-lo!” A liberdade verdadeira vem apenas do fato de sermos servos de Deus.

Fraternalmente em Cristo.

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