quarta-feira, 1 de março de 2017

As Epístolas de João

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         Estas três cartas têm sido tradicionalmente atribuídas ao autor do evangelho de João. Há muitas opiniões em relação a isso, mas via de regra se concorda que, mesmo que não tenham sido escritas pelo mesmo homem, elas vieram do mesmo círculo de influência. Há nelas muitas idéias repetidas, apesar de às vezes seguirem desenvolvimentos diferentes. A posição básica é a mesma. Os escritos joaninos foram um conjunto.
         Há um enfoque muito destacado em Deus nessas cartas. Duas coisas se destacam de forma especial: a ligação entre Deus e Jesus Cristo e a ligação entre Deus e seu povo (1 Jo 3.8, 4.9, 15, 5.5, 10). João declara ainda a ênfase do amor de Deus (2.5, 3.17, 4.8, 16).
         O lugar atribuído a Jesus Cristo é crucial. Quem nega Jesus é mentiroso (2.22). João fala da expiação: “o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado” (1.7). João também insiste em que não só o batismo, mas também a cruz de Cristo é importante. Foi a morte, não o batismo, que retirou o pecado (5.6). Ele é nosso Advogado junto ao Pai (2.1) e o Salvador do mundo (4.14).
         A vida cristã, como se poderia esperar diante de tudo o que Cristo fez, é uma questão de tudo ou nada. Ela implica renúncia total ao pecado (1 Jo 3.6, 9). Provavelmente é importante que os tempos verbais aqui são contínuos. O autor não está dizendo que um cristão nunca pode fazer algo errado; ele está dizendo que ele não pode continuar no caminho errado. Pecar habitualmente não é possível para alguém que renasceu pelo poder de Deus. Pecar não combina com o seu caráter. Seu hábito é servir a Deus e fazer o que é certo (3.7). Entretanto, é o amor que recebe a ênfase (αγάπη “agape” ocorre 21 vezes nestas cartas; αγαπάω, 31 vezes e αγαπάει, 10 vezes). Em uma das mais importantes passagens de todo o Novo Testamento, João diz: “nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1Jo 4.10). Mais uma vez: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1Jo 3.16).
         Nosso amor, portanto, é uma resposta ao amor de Deus: “nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19). O crente passou da morte para a vida (1 Jo 3.14); Ele tem vida eterna (1.2, 2.17, 5.11). Peculiar é a idéia de “permanecer” (verbo menw ocorre 27 vezes). Quase sempre essa permanência é “em Deus” (2.6, 3.6), mas pode ser na luz (2.10), no Filho e no Pai (2.24), ou no ensino (2 Jo 9). Assim, também, a palavra de Deus pode permanecer em nós (1 Jo 2.14, 2.24), ou “a unção” (2.27), a vida (3.15), o amor (v. 17) ou a verdade (2Jo 2). Deus permanece em nós (1 Jo 3.24, 4.12), assim como sua “semente” (3.9).
         Podemos ver a vida cristã como a negação do “mundo”. Este termo pode ser usado em sentido neutro (1 Jo 2.2, 4.12), mas geralmente se refere ao mundo oposto a Deus e ao povo de Deus. O vazio do mundanismo significa que aqueles que são seduzidos pela sua atratividade sofrem prejuízo irreparável. João adverte contra sua superficialidade e transitoriedade (2.16, 17). É trágico trocar o que é sólido pelo o que é superficial, o que é eterno pelo que é temporal.

 OBS: II Epístola de João - uma epístola geral.
           O tamanho e formato de II João dá ampla razão para se acreditar que este pequeno livro é uma carta real. A extensão é quase o tamanho de uma única folha de papiro. O desejo e a necessidade de dizer mais (v 12) indica que o autor limitou-se a uma folha propositalmente. O livro canônico tem a introdução e o encerramento final costumeiro de uma carta do primeiro século. 
            A destinação mais provável, para carta, é uma igreja, com a expressão "eketñ kuría" sendo sua personificação. A linguagem de II João não é apropriada para uma pessoa real, é apropriada para uma comunidade de fé. A expressão "de teus filhos" (v.4) significa que alguns estão andando na verdade e, por implicação, alguns não estão. Não há nenhuma referência pessoal óbvia (a não ser que seja do v. 1).
             É melhor concluir-se que João estava escrevendo a uma igreja. Não há nenhuma indicação da localização da igreja. Foi sugerido que as sete igrejas que foi mencionada em Apocalipse 1.11 poderiam dar alguma ideia. Contudo, seria conjectura identificar-se explicitamente uma congregação específica.
              A ocasião para a escrita de II João é advertir a igreja acerca da vinda dos falsos mestres e sua heresia (v. 7-9) . Não se pode estender nenhuma boa vinda a tais enganadores (v. 10 e 11). O propósito é precaver a igreja desses "anticristos" (v.7).
              A carta é suscinta o bastante, de maneira que sua estrutura necessariamente deve ser simples. O autor apresenta-se como "o ancião" e usa o termo simbólico "senhora eleita" em referência a igreja em que esta será lida. Na introdução v. 1-4, a verdade e o amor que une todos os crentes verdadeiros expressa a sua alegria aos vê-los vivendo na verdade (v. 5, 6).

 III Epístola de João  - Para Broadus  David Hale parece ser uma carta especifica e não geral.

               Esta carta é endereçada a Gaio (v.1), acerca de quem nada mais é conhecido além da informação aqui dada. É bem certo que este Gaio não é um dos três mencionado alhures no NT: Gaio da Macedônia (At 19.29), um de Derbe (At 20.4) e um de Corinto (1 Co 1.14). Gaio era um nome muito comum nos países de fala grega do primeiro século. Embora nada mais seja conhecido acerca de Gaio, a carta é de importância.  O ancião escreve acerca de uma carta anterior escrita à Igreja, mas Diotrefes havia suprimido a carta e recusara hospitalidade para os mensageiros do ancião (v.9). Estes mensageiros eram, provavelmente, missionários itinerantes enviados da parte de João como mestres para ajudar nas igrejas ao redor de Éfeso, aquelas que João supervisionava. Eles dependiam da hospitalidades das Igrejas, para seu sustento e acomodação (v.5-8). Diótrofes recusou-se a permitir aos membros da igreja se entreterem com esses obreiros, e até mesmo excluíra da igreja aqueles que quiseram ajudar (v. 9,10). Os mensageiros retornaram a João com as noticias da situação, e ele está escrevendo a Gaio, pedindo-lhe para ajudar aqueles mesmos missionários (v.5.6). A posição de Demétrio (v 12) não é clara. Não é provável que ele seja um grupo nos versos 5 e 6. Ele é colocado em contraste com Diotrefes, e possivelmente um dos excluídos da igreja por Diotrefes. Seja qual for sua ligação com Diótrefes, Demétrio era um fiel seguidor da verdade. 
                     A importância desta breve carta está no fato de que o líder da igreja, seja qual fosse sua função, quis desafiar a autoridade doa apóstolo João. 
                     Hale entende que nada na carta indique heresia da parte de Diótrefes, alguns estudiosos tentaram ver o gnosticismo como parte do problema. Ainda enfatiza que o todo da literatura atribuída a João é contra a heresia em geral e o gnosticismo em particular. Contudo, o problema, em III João, não é de heresia; é o abuso de autoridade no lugar de liderança.
                      Quanto ao formato e conteúdo da III  João é uma carta no sentido básico da palavra. Ela foi escrita a uma pessoa especifica, numa situação especifica. Sua extensão é de uma carta normal da época e requereria apenas uma folha de papiro. A estrutura é simples e facilmente discernível. O autor se identifica como "o ancião" e o recptor como Gaio (v.1). O escritor afirma seu amor e estima por Gaio, e ora para que esteja bem fisicamente e espiritualmente. João se alegra porque recebeu noticia de Gaio como andando na verdade (v. 2-4), Gaio é solicitado a ser hospitaleiro para com aqueles que foram enviados por João (v 5-8). Segue-se a critica s Diótrefes, "aquele que gosta de primazia"( 9-11). Portanto, a sua personalidade mostra a sua arrogância e ambição.
                        


Fraternalmente em Cristo.







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